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Jesus contra Jesus. Treinador português antecipa confronto entre “monstros” que criou

Alexandre Vidal / Flamengo

Em entrevista ao jornal Record, Jorge Jesus, que se sagrou recentemente campeão brasileiro e venceu a Libertadores, disse que o Flamengo é clube “único” e revelou que jogadores levaria do emblema carioca para um futuro desafio.

“O Flamengo é único! Podemos correr qualquer clube do Mundo, mas isto é uma paixão e um amor incrível. São muitos adeptos, cerca de 45 milhões, e tudo isso também me apaixonou e foi-me dando força para chegarmos a este momento”, disse, dando conta que o clube do Rio de Janeiro lhe abriu portas para um grande europeu.

“Eu sempre soube que tinha essa capacidade [de treinar o Flamengo], mas era preciso justificar isso com títulos. E o Flamengo abriu-me as portas de um grande europeu, e se eu tivesse continuado na Arábia Saudita ou no Sporting, não teria isso”.

Na mesma entrevista, esta sexta-feira divulgada pelo Record, Jorge Jesus conta ainda que a decisão de rumar para o Brasil foi tomada “contra tudo e todos”.

“Aquilo que me deixa orgulhoso é que, quando tomei esta opção, fui contra tudo e contra todos. Os meus amigos e o agente diziam que estava louco em ir para o Brasil e que ao fim de uma semana ia ser corrido como todos os treinadores brasileiros. Diziam ‘tens possibilidade de ir para Inglaterra’ – pois tinha essa hipótese – ‘como é que pões de parte um campeonato em que toda a gente quer entrar’ e hoje tenho a certeza de que o meu coração e a minha intuição escolheram o caminho certo”.

“Vim para o Brasil com um objetivo que passava por vencer a Libertadores, sabendo que se conseguisse vencer estaria no Mundial de Clubes. E também o campeonato brasileiro. Quando cheguei, tínhamos oito pontos de atraso, mas não se pode comparar com Portugal, porque o Brasileirão é muito competitivo e perdem-se pontos com facilidade, porque é um campeonato muito forte, dos mais equilibrados do mundo”.

Questionado sobre que jogadores levaria do Flamengo caso aceitasse um outro desafio, Jesus foi claro. “Esta equipa do Flamengo faz-me lembrar a equipa que tive no primeiro ano no Benfica. Uma equipa muito criativa e com muito talento”, disse.

“Eu tenho dois ou três jogadores que se calhar teria de levar… (…) Teria de ser o Gabigol e o Bruno Henrique, como é óbvio. E depois tenho um jogador que pensa muito à frente dos outros e que me faz lembrar o Nico Gaitán, que é o Arrascaeta. Portanto, o Flamengo tem jogadores com uma dimensão acima do que é normal”.

Jesus contra Jesus

Jesus reconhece a dificuldade de ganhar o Mundial de Clubes, apesar de frisar que quer vencer a competição. “Em termos de objetivo, é o mais difícil de alcançar. Porque vamos apanhar o Al Hilal ou o Espérance de Tunis, mas para mim os grandes favoritos são o Liverpool e depois é o Al Hilal e o Flamengo”.

“Os ingleses um pouco à parte, porque devem chegar à final e depois vão disputá-la connosco ou com o Al Hilal, disso não tenho dúvida nenhuma. (…) Tenho mais dificuldade em perceber o que pode acontecer com o Al Hilal do que com o Liverpool. Tem um treinador que também tem muito mérito pelo que está a fazer, mas aquela equipa foi feita toda por mim, tirando um central”.

É um pouco Jesus contra Jesus”, disse o técnico português, recordando que sentiu o mesmo quando estava no comando técnico do Sporting e teve de defrontar o Benfica.

“Até porque senti isso um pouco quando estava no Sporting frente ao Benfica. Tinha construído um monstro, em termos de qualidade, e estava a tentar derrubá-lo, mas isso não foi fácil. Em relação ao Al Hilal, é um pouco assim. Porque o Al Hilal foi uma equipa que eu montei, é um trabalho meu. Portanto, vamos ver como vai ser a meia-final. Claro que o Al Hilal ainda tem de garantir a passagem às meias-finais, mas acredito que isso vai acontecer. Vai ser um desafio difícil”.

ZAP //

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