Jerónimo de Sousa considerou, este domingo, que um salário mínimo de 635 euros é “insuficiente” e acusou o Governo do PS de estar comprometido com “os interesses do grande patronato”.
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, considerou este domingo, em Lisboa, que a fixação do Salário Mínimo Nacional nos 635 euros para 2020 “é claramente insuficiente”, face às necessidades dos trabalhadores e do país.
Jerónimo falava numa conferência de imprensa, na sede do partido, após a conclusão de uma reunião de dois dias do Comité Central do PCP para análise da atual situação política e social, e tarefas do partido. Entre outras questões, os comunistas abordaram o salário mínimo, e consideram que o valor fixado recentemente pelo Governo “está muito aquém dos 850 euros reivindicados pela CGTP-IN”.
O PCP acusou o governo do PS de estar comprometido com “os interesses do grande patronato”, e alertou para os desenvolvimentos do processo iniciado na Concertação Social “sobre um chamado acordo de rendimentos que propagandeou a suposta valorização dos salários”.
Para os comunistas, as diligências do Governo, “travam de facto o seu crescimento e não respondem à emergência nacional do aumento geral dos salários“.
“A intenção do governo do PS de tomar como referência para o aumento dos salários da Administração Pública o valor da inflação de 2019 – que se deve fixar em 0,3% -, a confirmar-se, será uma decisão inaceitável, depois de uma década de salários congelados”, sustentou ainda o responsável máximo do partido.
Nas principais conclusões saídas da reunião do fim de semana do comité central, está o que os comunistas consideram ser um programa de Governo que “mantém privilégios e condições de domínio dos grandes grupos económicos e do grande capital sobre a vida nacional, em detrimento da resposta aos problemas dos trabalhadores, da garantia dos direitos sociais e do desenvolvimento do conjunto da economia”.
Criticou ainda, “contrastando com a divulgação de um significativo excedente orçamental nos primeiros nove meses do ano”, a decisão de fazer uma transferência, já este ano, de 1.150 milhões de euros para o Novo Banco.
Enquanto, por outro lado, disse, “se mantém a falta de investimento e de resposta aos problemas em áreas essenciais à vida dos trabalhadores e do povo, como o evidencia a falta de trabalhadores em escolas e as carências em várias unidades de saúde, como é exemplo a situação do Serviço de Urgência de Pediatria do Hospital Garcia de Orta”.
O secretário-geral do PCP anunciou hoje que vai marcar o XXI congresso do partido para 27, 28 e 29 de novembro de 2020, sustentando que o país mantém “os mesmos graves problemas estruturais”.
ZAP // Lusa