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Vítimas de “ataques de vampiros” do século XIX podiam ter apenas leucemia

As vítimas de ataques de vampiros descritas nos romances do século XIX não ficavam apenas pálidas antes de morreram. Na verdade, tinham um conjunto de sintomas de condições médicas reais.

De acordo com um novo estudo publicado este mês na revista especializada Irish Journal of Medical Science, as características de um ataque de vampiro assemelham-se fortemente a sintomas físicos causados por casos de leucemia aguda.

Na época, a leucemia ainda não tinha sido identificada como uma doença na comunidade médica. Por isso, a sua variedade particular de sintomas, cuja causa era desconhecida, inspirou escritores a atribuir-lhes uma explicação sobrenatural: os ataques de vampiros.

A leucemia é um tipo de cancro que afeta os glóbulos brancos do sangue. Origina-se na medula óssea e as células cancerígenas rapidamente se multiplicam e sobrecarregam a produção e a atividade dos glóbulos brancas do sangue normais, levando a anemia e vulnerabilidade a infeções. Na leucemia aguda, a doença progride muito rapidamente se não for tratada, de acordo com o National Cancer Institute.

Para o estudo, de acordo com o LiveScience, os investigadores analisaram três romances: The Vampyre”, de John William Polidori (1819), “Carmilla”, de J. Sheridan Le Fanu (1879) e “Dracula “de Bram Stoker (1897). Os cientistas documentaram todas as personagens identificadas como vítimas de vampiros, compilando uma lista de sintomas e o tempo que estes sintomas duravam. Depois, compararam os sintomas com os sintomas produzidos por uma série de doenças.

“The Vampyre” retratava apenas duas vítimas, não descrevendo nenhum sintoma que tenha levado às suas mortes. “Carmilla” tinha três vítimas do sexo feminino, que exibiam “exaustão persistente, febre, palidez, dispneia [dificuldade em respirar] e dor no peito”, além de marcas vermelhas na pele do peito.

“Dracula” estava repleto de detalhes das doenças que atormentavam as três vítimas de vampiros do romance, uma das quais – Lucy Westenra – eventualmente morreu. Cada uma das vítimas sofria “mal-estar, palidez, fadiga, anorexia, dispneia e perda de peso”, acompanhadas por um estado delirante e de transe.

Alguns destes sintomas podem ser explicados por outras doenças, como tuberculose, uma infeção bacteriana nos pulmões. No entanto, a tuberculose era uma doença conhecida no século XIX.

A difteria, uma infecção bacteriana que afeta a respiração e a deglutição, também produz sintomas semelhantes aos da leucemia aguda. Além disso, causa tosse e manchas descoloridas em redor da boca e garganta.

Outro diagnóstico possível podia ser anemia, uma deficiência de glóbulos vermelhos que pode levar à fadiga e palidez incomum. Porém, a condição também era conhecida pelos médicos do século XIX.

“Nenhuma das outras doenças consideradas foi tão compatível como a leucemia aguda”, escreveram os autores do estudo. “Concluímos, portanto, que os pacientes com leucemia aguda na vida real foram a inspiração para os sintomas das vítimas na literatura gótica de vampiros”.

ZAP //

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