As pistolas Glock roubadas entre dezembro de 2015 e janeiro de 2017 do armeiro da sede da PSP tinham como destino a Guiné-Bissau.
A edição desta quinta-feira do Expresso conta que um dos alegados cúmplices do grupo, dono de uma empresa avícola de Ansião, negociou a venda de sete pistolas Glock, por mil euros cada, mas o comprador recusou a proposta e avisou a polícia para o que estava a acontecer.
Ainda assim, entre 2017 e 2018, o traficante de armas agora acusado pelo Ministério Público conseguiu escoar centenas de munições por via marítima, escondidas no interior de contentores com produtos avícolas. De acordo com a acusação, a que o matutino teve acesso, só oito das armas foram recuperadas pelas autoridades até agora. As restantes terão sido escoadas no mercado negro.
Segundo o Ministério Público, Luís Gaiba, agente da PSP responsável pelo armeiro à data do furto delineou quatro fases para o seu plano. Na primeira, denunciou as fracas condições de segurança e fiscalização do armeiro, afastando de si quaisquer suspeitas do que viesse a acontecer; depois, inventariou todas as armas que não estavam atribuídas a agentes da PSP e decidiu que seriam essas as roubadas.
Na terceira fase do plano, contactou João Paulino e António Laranginha para que estes funcionassem como intermediários para arranjarem compradores para as armas. A última fase foi destinada a roubar as armas com as respetivas caixas e carregadores.
Paulo “Fechaduras” Lemos, a principal testemunha no processo de Tancos, foi também testemunha neste caso porque, segundo o MP, foi abordado para comprar algumas destas armas, o que recusou. Outra testemunha importante é um português com negócios na Guiné que, segundo a acusação, foi alciado por Manuel das Neves, o proprietário de uma empresa avícola de Ansião para comprar das armas roubadas. Não só recusou como alertou a PSP.
O Expresso adianta ainda que, na casa deste empresário avícola, a polícia apreendeu 110 mil euros em notas, bem como 900 mil CFA, moeda da Gunié-Bissau (cerca de 100 euros).
Três das armas roubadas foram apreendidas em Espanha numa operação anti-droga, outra foi apanhada a um suspeito de tráfico de estupefacientes no Porto, outra apreendida em Espanha, e mais três apreendidas a um suspeito de tráfico de armas em Portugal.