Um tribunal da Califórnia acusou dois antigos funcionários do Twitter de espionagem a favor da Arábia Saudita, revelou o departamento de Justiça dos Estados Unidos, citado pelo The Washington Post.
Em causa está o acesso a milhares de contas naquela rede social de críticos do Governo de Riade, segundo os procuradores, que anunciaram a acusação nesta quarta-feira.
Escreve o The Washington Post que os dois funcionários foram orientados por um oficial saudita não identificado, que trabalharia para alguém classificado como Membro da Família Real-1, que será, segundo o mesmo jornal, o príncipe Mohammed bin Salman.
“A denúncia criminal revelada esta quarta-feira sustenta que agentes sauditas minaram o sistema interno do Twitter para obter informação pessoal sobre conhecidos críticos sauditas e milhares de outros usuários do Twitter”, afirmou o procurador norte-americano David Anderson, citado pela agência noticiosa AFP.
Observa o semanário Expresso que a acusação surge um dia depois de um dos alegados espiões, Ahmad Abouammo, ter sido detido. O norte-americano está acusado de espionagem, falsificação de documentos e obstrução à justiça.
O segundo acusado, Ali Alzabarah, de nacionalidade saudita, é acusado de ter acedido a a informação de mais de seis mil contas só em 2015, entre as quais estaria a de Omar Abdulaziz, um dissidente do regime.
Ahmed Almutairi, profissional de marketing com laços com a família real, é o terceiro nome envolvido no caso, estando também acusado de espionagem. Suspeita-se que funcionaria como intermediário entre os dois antigos funcionários do Twitter e o Governo de Riade,
O Expresso nota ainda que Ahmad Abouammo está detido. Quanto aos outros dois suspeitos, acredita-se que esteja algures na Arábia Saudita.
Reagindo ao caso, a rede social assegurou que restringe a informação das contas a “um pequeno e limitado grupo de trabalhadores treinados”.
Esta é a primeira vez que a Justiça norte-americana acusa sauditas de espionagem, escreve ainda o The Washington Post. Esta acusação, recorde-se, ocorre enquanto as relações entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita continuam tensas devido ao assassinato do jornalistas saudita Jamal Khashoggi, que era crítico do regime de Riade e escrevia, entre outros jornais para o The Washington Post.