Em À Minha Maneira, livro cujo primeiro volume foi editado na quarta-feira, a jornalista Ana Ventura colocou os elementos dos Xutos & Pontapés a contarem, na primeira pessoa, a história e as histórias da banda, simulando um diálogo com o leitor.
Apesar de ser um livro assinado por Ana Ventura, em À Minha Maneira a história dos Xutos & Pontapés é contada na primeira pessoa, por Tim, Zé Pedro, João Cabeleira, Gui e Kalu.
“Pode parecer um bocado incoerente, mas isto é efetivamente uma autobiografia dos Xutos, são os Xutos a falarem deles próprios. Eu limito-me a traçar os caminhos, mas sempre invisível, digamos assim, porque não falo no livro, são apenas eles”, disse Ana Ventura, em declarações à agência Lusa.
O livro começou a ser preparado em 2010 e a autora juntou “muitas horas de entrevistas” isoladas, com cada um dos elementos da banda. “Os cinco só se encontram, de facto, no livro”. O processo acabou por ser “moroso”, não só pelas horas de entrevistas, mas por “todo o encadeamento do ‘puzzle’ deste diálogo”.
“Tinha uma entrevista comum, com os tópicos, elementos mais importantes e ponto de partida da conversa e, a partir daí, com as declarações de cada um deles, simulo um diálogo, que é como se fosse um diálogo a seis, entre eles os cinco e o leitor”, explicou a também jornalista.
Em 1991 foi editada Conta-me Histórias, uma biografia da banda da autoria de Ana Cristina Ferrão. Para Ana Ventura, “o grande desafio passava por fazer uma abordagem à história dos Xutos distinta da que já tinha sido feita pela Ana Cristina Ferrão”, e ver como poderia “narrar episódios que de alguma forma se tornaram quase sabedoria popular, ir além do que é que tinha sido o primeiro concerto dos Xutos e essas coisas todas que toda a gente mais ou menos já sabe”.
Por os Xutos e Pontapés serem “acima de tudo, muito uma família”, Ana Ventura quer que o leitor sinta que está à mesa com os elementos da banda “naqueles almoços de família, que começam almoço e acabam já tarde depois da hora de jantar, em que se vai conversando sobre tudo, porque efetivamente são eles a conversarem uns com os outros sem o saberem”.
Num livro dedicado a uma banda com 40 anos de carreira, “ficam sempre coisas de fora, ficam sempre coisas por contar, mas o grande objetivo é ficar, nestes dois volumes, o máximo possível daquilo que tem sido o percurso dos Xutos desde que eles começaram”, e “até desde antes de eles terem começado, porque há uma ‘minibiografia’ de cada um dos elementos, dos caminhos que os encaminharam até entrarem efetivamente na banda”.
A ideia de contar a história dos Xutos & Pontapés não partiu de Ana Ventura, mas sim de Zé Pedro, o guitarrista da banda, que morreu em 2017.
“Foi uma contraproposta do Zé Pedro a uma proposta que eu lhe tinha feito alguns anos antes. Eu tinha sugerido fazer um livro sobre ele, a biografia dele, que estava já num processo muito finalizado na altura e que acabou por se concretizar no Não sou o único, e aí o Zé fez-me uma contraproposta, que foi fazer um livro sobre os Xutos”, recordou.
O primeiro volume de À Minha Maneira conta a história da banda entre 1979 e 1999. O espaço temporal vertido no segundo volume “está em aberto, mas será pelo menos até 2020”, explicou a autora.
“Seguramente inclui todas as comemorações dos 40 anos de carreira, que celebram este ano”, adiantou Ana Ventura, salientando que, “na verdade, nos Xutos, a história nunca acaba”, por isso “qualquer volume que venha a seguir terá sempre reticências, porque é efetivamente uma história sempre com novos capítulos”.
A jornalista está atualmente a preparar o segundo volume de À Minha Maneira, e a ideia é que seja editado “daqui a um ano”.