Antes que as tarifas comerciais do Presidente Donald Trump entrem em vigor, algumas destilarias europeias têm enviado as suas garrafas de whiskey por avião para os Estados Unidos (EUA), ao contrário do envio normalmente utilizado, por via marítima.
Geralmente, o whiskey chega aos EUA por via marítima, visto que o seu peso torna o transporte aéreo muito caro. Para essa bebida, ao contrário do que acontece com os produtos frescos, como salmão – outra das grandes exportações da Escócia -, não existe necessidade de haver tanta pressa no transporte. Mas as tarifas de 25%, que entram em vigor brevemente, levaram alguns produtores a subir ao céu, lê-se num artigo do OZY.
Entre essas empresas está a Kilchoman, uma produtora de whiskey da Ilha de Islay. O seu fundador, Anthony Wills, enviou cerca de três mil garrafas por avião este mês.
“Acabamos de enviar uma remessa para chegar antes do prazo”, contou Anthony Wills. O proprietário calcula que as despesas com o transporte aéreo equivale ao dobro das despesas de envio marítimo, adicionando ainda cerca de 10% aos custos gerais. Mas, mesmo assim, ficou mais barato do que se esperasse pelas tarifas iminentes.
O whiskey é um dos grandes perdedores na disputa comercial entre Washington e a União Europeia (UE). O Governo Trump recebeu este mês a aprovação da Organização Mundial do Comércio para cobrar taxas anuais de 7,5 mil milhões de dólares (6,7 mil milhões de euros) a mercadorias da UE, em retaliação aos subsídios de aeronaves de Bruxelas.
O queijo italiano, o vinho francês e o azeite espanhol também estão sujeitos às tarifas. Entre os produtos do Reino Unido, o whiskey é o maior alvo. Em média, mais de quatro garrafas por segundo foram exportadas no ano passado para os EUA, o maior e mais valioso mercado da indústria, de acordo com a Scotch Whisky Association (SWA).
De acordo com o SWA, o whiskey representou um terço das exportações para os EUA no ano passado, chegando aos 442 milhões de dólares (397 milhões de euros). Através do envio marítimo, são necessárias cerca de quatro semanas para que esse produto chegue às prateleiras nos EUA. A Escócia não possui instalações no alto mar, por isso a bebida é transportada primeiramente por comboio até os portos da Inglaterra.
Antes das tarifas em causa, várias destilarias já estavam a contabilizar os valores do transporte aéreo. “O envio aéreo é caro, mas pode fazer sentido para produtos de alta qualidade”, disse Chris Rogers, analista da Panjiva e especialista em comércio.
Dados do setor mostram que os produtores também estão a acelerar os envios marítimos. Os lobistas da indústria alertaram para um impacto negativo das tarifas na economia escocesa. A indústria de whiskey escocesa emprega diretamente cerca de 11 mil pessoas na Escócia, segundo a SWA.