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Cientistas descobriram como extrair oxigénio da poeira da Lua

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Edwin Aldrin / NASA

Pegada do astronauta Edwin Aldrin na Lua

Cientistas conseguiram extrair oxigénio do regolito lunar. A equipa demorou cerca de 50 horas para extrair 96% do oxigénio na amostra.

A Lua é um lugar bastante inóspito para humanos. Ambiente seco, poeira e não há atmosfera para respirarmos. Mas isso não significa que não haja oxigénio. Na verdade, o regolito lunar — camada superior na superfície com uma grande quantidade de sedimentos finos — está carregado dele. E agora os cientistas descobriram como retirá-lo.

De acordo com o Science Alert, para além de nos dar oxigénio, este processo fornece ainda as ligas metálicas às quais estava ligado, sendo que ambos seriam realmente úteis em futuras bases ou colónias lunares. Só há um problema.

“Este oxigénio é um recurso extremamente valioso, mas está quimicamente ligado ao material como óxidos na forma de minerais ou de vidro e, por isso, não está disponível para uso imediato”, disse a química Beth Lomax, da Universidade de Glasgow, na Escócia, cujo estudo foi publicado em setembro na revista científica Planetary and Space Science.

Essas amostras são demasiado valiosas para serem testadas diretamente, mas tê-las significa que podemos recriar com precisão a sua consistência usando materiais terrestres. Esta poeira lunar falsa é chamada “simulador de regolito lunar”.

Anteriormente, os cientistas já tentaram extrair oxigénio do regolito lunar através de várias formas: redução química de óxidos de ferro usando hidrogénio para produzir água e, de seguida, eletrólise para separar o hidrogénio do oxigénio na água; ou um processo semelhante com metano em vez de hidrogénio. No entanto, essas técnicas não foram eficazes, tornaram-se excessivamente complicadas ou até demasiado quentes, chegando a temperaturas tão extremas que fizeram com que o regolito derretesse.

Lomax e o resto da equipa saltaram a etapa da redução química e passaram diretamente para a eletrólise do regolito. “Este processo foi realizado através de um método chamado eletrólise de sal derretido. Este é o primeiro exemplo de processamento direto de pó a pó do simulador de regolito lunar sólido que pode extrair praticamente todo o oxigénio”, explicou a cientista.

Primeiro, o regolito é colocado num cesto forrado de malha. O cloreto de cálcio (o eletrólito) é adicionado e a mistura é aquecida a cerca de 950 ºC, uma temperatura que não derrete o material. Depois, é aplicada corrente elétrica, extraindo o oxigénio e migrando o sal para um ânodo, onde pode ser facilmente removido.

A equipa demorou cerca de 50 horas para extrair 96% do oxigénio na amostra do regolito, mas 75% do oxigénio foi conseguido nas primeiras 15 horas. Aproximadamente um terço do oxigénio total da amostra foi detetado sem gás, e o restante foi perdido.

Além disso, o metal deixado para trás pode ser utilizado, sendo esta a primeira vez que uma técnica de extração de oxigénio com regolito lunar produz este resultado. Havia três grupos principais, às vezes com pequenas quantidades de outros metais misturados: ferro-alumínio, ferro-silício e cálcio-silício-alumínio.

Esta descoberta mostra que a técnica ainda pode ser valiosa, mesmo que seja possível extrair oxigénio das suspeitas reservas de gelo na Lua.

ZAP //

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