As autoridades de Hong Kong indeferiram, esta segunda-feira, o recurso apresentado pelo movimento que convocara uma grande manifestação pró-democracia para esta terça-feira, quando se assinala o Dia Nacional da China.
A Frente Cívica de Direitos Humanos foi responsável pelas manifestações que levaram à rua, segundos dados da organização contestados pela polícia, um milhão de pessoas a 9 de junho, dois milhões a 16 de junho e 1,7 milhões a 18 de agosto, sendo que esta última havia também sido proibida pela polícia.
Apesar da proibição policial e dos avisos das autoridades de que a participação ilegal numa manifestação poderia resultar numa pena de prisão até cinco anos, a população voltou a protestar nas ruas em grande número e o dia terminou novamente a ser marcado por violentos confrontos entre manifestantes e as forças de segurança.
“Temos procurado promover protestos pacíficos, sempre de acordo com a lei, mas esta já é a terceira manifestação proibida. As pessoas vão acabar por ir para as ruas, seja como for, o que pode ser ainda mais perigoso”, alertou Bonnie Leung, em declarações à Lusa na sexta-feira, assim que foi conhecida a decisão de proibir a manifestação.
A razão é simples, para Bonnie Leung: “Por um lado, as pessoas vão acabar por ir à mesma para as ruas. Mas por outro, também percebemos que isto corresponde a uma estratégia das autoridades para depois terem a desculpa para efetuarem as detenções e usarem violência para com os manifestantes”.
“Eles sabem o quão poderoso pode ser ter milhões de pessoas nas ruas e querem silenciar-nos, mas estão a falhar na tática“, concluiu Leung.
O Governo de Hong Kong anunciou a retirada formal das emendas à polémica lei da extradição que esteve na base da contestação social desde o início de junho. Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o governo responda a outras quatro reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as ações dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de governo, Carrie Lam, e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o Parlamento de Hong Kong.
A transferência de Hong Kong para a República Popular da China, em 1997, decorreu sob o princípio “um país, dois sistemas”. Tal como acontece com Macau, para aquela região administrativa especial da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, com o governo central chinês a ser responsável pelas relações externas e defesa.
// Lusa