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O novo visitante interestelar já tem nome

Gemini Observatory

Foi encontrado no Sistema Solar um novo objeto, vindo do espaço interestelar, apenas a segunda descoberta deste tipo.

Os astrónomos estão a voltar os seus telescópios para o visitante, o que fornece um vislumbre tentador do espaço exterior ao Sistema Solar e levanta algumas questões intrigantes. O objeto recebeu o nome 2I/Borisov pela UAI (União Astronómica Internacional).

No dia 30 de agosto de 2019 o astrónomo amador Gennady Borisov, do Observatório MARGO, na Crimeia, descobriu um objeto com uma aparência tipo cometa. O objeto tem uma cabeleira densa e, mais recentemente, foi observada uma cauda curta. Borisov fez esta descoberta com um telescópio de 0,65 metros que ele próprio construiu.

Após uma semana de observações por astrónomos amadores e profissionais de todo o mundo, o Centro de Planetas Menores da UAI conseguiu calcular uma órbita preliminar, que sugeria que este objeto era interestelar – apenas o segundo objeto conhecido a ter passado pelo Sistema Solar.

A órbita é agora suficientemente bem conhecida e o objeto é de origem inequivocamente interestelar; recebeu a sua designação final como o segundo objeto interestelar, 2I. Neste caso, a UAI decidiu seguir a tradição de nomear objetos cometários em honra aos seus descobridores, de modo que o objeto recebeu o nome 2I/Borisov.

Dos milhares de cometas descobertos até agora, nenhum deles tem uma órbita tão hiperbólica quando a de 2I/Borisov. Esta conclusão é suportada de forma independente pelo Grupo SSD (Solar System Dynamics) do JPL da NASA.

Apenas dois anos após a descoberta do primeiro objeto interestelar, 1I/’Oumuamua, o novo achado sugere que estes objetos podem ser suficientemente numerosos para fornecer uma nova maneira de investigar processos em sistemas planetários para lá do nosso.

2I/Borisov fará a sua maior aproximação ao Sol (periélio) no dia 7 de dezembro de 2019, quando estiver a 2 UA (Unidades Astronómicas) do Sol e também a 2 UA da Terra. Em dezembro e janeiro, espera-se que esteja mais brilhante no céu do hemisfério sul. Começará então a sua viagem de saída, deixando o Sistema Solar para sempre.

Os astrónomos estão a observar ansiosamente este objeto e assim farão durante muitos meses, um período mais longo do que o seu antecessor, 1I/’Oumuamua. Os astrónomos estão otimistas sobre as suas chances de estudar em grande detalhe este raro hóspede.

As estimativas dos tamanhos dos cometas são difíceis de fazer porque o pequeno núcleo cometário está incorporado na cabeleira, mas, a partir do brilho observado, 2I/Borisov parece ter cerca de alguns quilómetros de diâmetro. Um dos maiores telescópios do mundo, o GTC (Gran Telescopio Canarias) de 10,4 metros nas Ilhas Canárias, já obteve um espectro de 2I/Borisov e descobriu que se assemelha aos típicos núcleos cometários.

Este novo visitante interestelar levanta questões interessantes: porque é que os objetos interestelares não foram descobertos antes? Qual é a percentagem esperada destes objetos no Sistema Solar interior? Como é que estes objetos se comparam a corpos parecidos no Sistema Solar?

Os grandes levantamentos telescópicos capazes de varrer regularmente grandes frações do céu podem ajudar a responder a estas perguntas, e outras, no futuro próximo.

// CCVAlg

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