A China deverá apresentar novos mísseis balísticos, com uma potência “sem precedentes”, durante a parada militar em celebração do 70.º aniversário do regime comunista.
“Vão ser exibidas capacidades balísticas convencionais e nucleares sem precedentes (…), que demonstram a modernização quantitativa e qualitativa do arsenal balístico da China”, prevê um relatório divulgado pela Fundação para Pesquisa Estratégica (FRS), com sede em Paris, citado na quarta-feira pela agência Lusa.
O chefe de Estado chinês, Xi Jinping, presidirá, em Pequim, na próxima terça-feira, ao evento que marca a fundação da República Popular da China, em 1949.
O relatório revela que armas extremamente rápidas deverão ser reveladas, “indicando que a China está, em alguns segmentos, na vanguarda da inovação global”.
Entre os principais equipamentos que deverão ser exibidos na avenida da Paz Celestial, a principal artéria de Pequim, mesmo ao lado do Grande Palácio do Povo, o parlamento chinês, da Cidade Proibida e da praça de Tiananmen, está o míssil DF-41, já pronto a ser usado, mas que nunca foi apresentado ao público.
O DF-41 pode “ser armado com um número relativamente grande de ogivas, até um máximo de 10 cabeças (nucleares) contra as três” dos modelos anteriores, detalha o estudo, baseado em imagens de satélite.
Descrito por especialistas como tendo um alcance de entre 12 mil e 14 mil quilómetros, o míssil de longo alcance poderia “atingir qualquer parte do território dos EUA”.
Outra arma que deve ser apresentada é o DF-17, o primeiro míssil capaz de transportar um veículo hipersónico, que pode ser equipado com armas convencionais ou nucleares, e que é capaz de ultrapassar sistemas antimísseis.
“Um sistema deste tipo significaria um impacto considerável, destacando o progresso da China (…) num segmento em que russos e norte-americanos estão atrasados”, prossegue ainda o relatório.
A análise baseia-se em fotos registadas nas ruas de Pequim, durante os ensaios para a parada militar, e imagens de satélite tiradas numa base do exército pela empresa Geo4i.
Também foram alcançados progressos no fabrico de veículos aéreos não tripulados (drones), principalmente o WZ-8, uma máquina de reconhecimento supersónico, que poderia ser usada para identificar alvos antes de um ataque.
O Lijian, outro veículo aéreo não tripulado que pode ser usado em apoio a operações navais, também deve ser apresentado.
Todas estas novas armas devem “aumentar drasticamente a capacidade convencional de dissuasão da China”, segundo a FRS. A China afirma regularmente que nunca usará armas nucleares primeiro, mas sempre em resposta, face a um ataque atómico por outro país.
O exército chinês disse na quarta-feira que não pretende “mostrar os músculos” com a parada militar da próxima semana.