O Presidente da República Checa propôs que o seu país revogue o reconhecimento como país independente do Kosovo, antiga província sérvia, uma sugestão contrariada pelo chefe da diplomacia de Praga.
Milos Zeman sugeriu esta alteração da posição do Governo checo no segundo e último dia de uma visita oficial à Sérvia, que não reconhece a independência do Kosovo.
No decurso de uma conferência conjunta com o seu homólogo sérvio Aleksandar Vucic, o Presidente checo esclareceu que não pode revogar o reconhecimento por Praga da independência do Kosovo, mas que pretende colocar a questão.
“Não sou um ditador. Mas o que posso fazer é perguntar… Vou perguntar se a questão pode ser concretizada”, afirmou na conferência de imprensa conjunta.
Zeman, também conhecido por diversas declarações impetuosas, disse na terça-feira que gosta da Sérvia e do povo sérvio, mas não tem particular apreço pelo Kosovo, com maioria de população albanesa muçulmana.
O ministro dos Negócios Estrangeiros checo, Tomas Petricek, considerou não existir motivo para o Governo reconsiderar a sua decisão sobre o Kosovo. “Apesar de não ver qualquer razão para semelhante debate neste momento, porque a situação nos Balcãs não se alterou, estou disposto a falar com Zeman sobre a sua posição”.
Mais de cem países reconheceram a declaração da independência do Kosovo anunciada em 2008, incluindo 23 Estados-membros da União Europeia (UE) e os Estados Unidos. Para além da Sérvia, Rússia, China, Índia ou África do Sul recusaram legitimar essa declaração unilateral.
As conversações mediadas pela UE sobre a normalização das relações entre a Sérvia e o Kosovo estão suspensas e o clima de tensão tem-se acentuado na região. A Sérvia tem efetuado diversos esforços para convencer outros países a recuarem no seu reconhecimento do Kosovo. Cerca de 12 Estados, na sua maioria situados em África, já terão adotado essa posição.
Hoje, Vucic voltou a insistir na necessidade de um “compromisso” para resolver a disputa do Kosovo e considerou ainda Zeman um amigo da Sérvia, e com a reputação de “um homem que pensa pela sua cabeça”.
No decurso da conferência de imprensa conjunta, Zeman definiu o Kosovo como um país “dirigido por criminosos de guerra”.
O primeiro-ministro demissionário do Kosovo, Ramush Haradinaj, foi recentemente convocado por um tribunal internacional para depor sobre alegados crimes de guerra cometidos durante a guerra (1998-1999). No entanto, recusou prestar declarações perante a instância e não foi indiciado. O Kosovo realiza legislativas antecipadas em outubro.
// Lusa
Será que aqueles países da Europa Ocidental que foram quanto a mim os obreiros de tal disparate seguindo a mesma lógica estarão amanhã dispostos a prescindir de parte do seu território quando esse já estiver habitado por uma maioria de muçulmanos? Para lá caminhamos resta apenas saber se o parecer será ou não igual.
Se bem me lembro, Espanha também não o reconheceu. Pensaram na Catalunha…