/

Todos os cometas do Sistema Solar podem ter vindo do mesmo lugar

Rosetta / NavCam / ESA

Imagem obtida no dia 15 de maio de 2016 pela câmara de navegação da Rosetta, do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko

Os cometas do Sistema Solar podem ter nascido no mesmo lugar. Um astrónomo da Universidade de Leiden aplicou modelos químicos a catorze cometas conhecidos e encontrou um padrão claro.

Todos os cometas do Sistema Solar podem partilhar o mesmo local de nascimento. Pela primeira vez, o astrónomo Christian Eistrup aplicou modelos químicos a catorze cometas conhecidos, e encontrou um padrão claro. A publicação do artigo científico foi aceite na revista Astronomy & Astrophysics.

Os modelos tinham como objetivo prever a composição química de discos protoplanetários, discos planos de gás e poeira que cobrem estrelas jovens. Compreender estes discos pode esclarecer os cientistas quanto ao mecanismo de formação de estrelas e planetas. Estes modelos desenvolvidos pelo investigador da Universidade de Leiden mostram-se também úteis para aprender mais sobre cometas e as suas origens.

“Pensei que seria interessante comparar os nossos modelos químicos com dados já publicados sobre cometas. Fizemos algumas estatísticas para determinar se houve um momento ou local especial no nosso jovem Sistema Solar, onde os nossos modelos químicos se cruzam com os dados de cometas”, explicou Eistrup em comunicado.

Surpreendentemente, foi mesmo isso que aconteceu. Os catorze cometas mostraram a mesma tendência: “havia um modelo único que melhor se adequava a cada cometa, indicando que todos compartilhavam a mesma origem”.

Onde nasceram, então, os cometas? Segundo os cientistas, os cometas são oriundos de um lugar muito perto do nosso jovem Sol, quando ainda estava cercado por um disco protoplanetário, numa altura em que os planetas ainda se estavam a formar.

O modelo sugere uma área em torno do Sol, dentro da faixa em que o monóxido de carbono se transforma em gelo. “Nesses lugares, a temperatura varia de 21 a 28 Kelvin, que fica em torno de 250 graus Celsius negativos. Uma temperatura muito fria, tão fria que quase todas as moléculas que conhecemos são gelo.”

“De acordo com os nossos modelos, sabemos que existem algumas reações que ocorrem na fase de gelo, embora muito lentamente, num período de 100.000 a um milhão de anos. Mas isso poderia explicar por que existem cometas diferentes com diferentes composições”, disse o investigador, citado pelo Europa Press.

Mas se os cometas vêm do mesmo lugar, como é que acabam em diferentes lugares e órbitas do Sistema Solar? “Embora acreditemos que eles se formaram em lugares semelhantes ao redor do jovem Sol, as órbitas de alguns desses cometas poderiam ser alteradas, por exemplo, por Júpiter.”

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.