“Se há algo que pode travar-nos nessas negociações, é a sensação em Bruxelas de que os deputados podem encontrar uma maneira de cancelar o referendo, ou que amanhã os deputados vão votar em Jeremy Corbyn [líder da oposição] a favor de mais um atraso inútil”, afirmou o sucessor de Theresa May.
O apelo dirige-se sobretudo a deputados conservadores que estão envolvidos numa iniciativa para aprovar legislação que evite um Brexit sem acordo ao impor um novo adiamento até 31 de janeiro.
“Se o fizerem, vão simplesmente cortar as pernas da posição do Reino Unido e vão tornar impossível qualquer negociação adicional. Para mostrar aos nossos amigos em Bruxelas que estamos unidos no nosso objetivo, os deputados devem votar com o Governo contra Corbyn”, sublinhou, na declaração no exterior da residência oficial.
Segundo a Reuters, Boris está mesmo a ameaçar expulsar do Parlamento os deputados do seu partido que votem contra o Governo. A ameçada foi confirmada à agência por uma fonte do partido, que acrescentou que para além da expulsão imediata, os deputados rebeldes serão impedidos de se candidatarem pelos Conservadores nas próximas eleições.
“Os deputados Conservadores estão a receber uma mensagem muito simples. Se não votarem ao lado do governo na terça-feira vão destruir a margem negocial do governo e entregar o controlo do parlamento a Jeremy Corbyn”, afirmou a mesma fonte.
Boris Johnson manifestou-se “encorajado com o progresso” que diz ter sido feito nos contactos com Bruxelas desde que encontrou em funções, em julho, e que as hipóteses de alcançar um acordo de saída “aumentaram”.
“Conseguem ver o que queremos fazer, conseguem ver que temos uma visão clara para o nosso futuro relacionamento com a UE, algo que nem sempre foi o caso, e eles podem ver que estamos totalmente determinados a fortalecer a nossa posição, preparando-nos para sair, aconteça o que acontecer”, vincou.
Boris recusa novo adiamento do Brexit
O chefe do executivo britânico reiterou que não pretende pedir qualquer adiamento da data de saída do Reino Unido da União Europeia para além de 31 de outubro “em quaisquer circunstâncias”, mas também insistiu estar convicto na possibilidade de alcançar um acordo no Conselho Europeu de 17 e 18 de outubro.
“Entretanto, vamos deixar que os nossos negociadores continuem o seu trabalho sem esse tipo de espada de Dâmocles no pescoço. E sem uma eleição sem uma eleição [legislativa]. Eu não quero eleições“, garantiu.
ZAP // Lusa
O brexit não vai dar em nada!