O Ministério da Cultura do Peru anunciou a descoberta de um “sapo humanizado” e uma cabeça antropomórfica, esculpida num mural de relevo e cuja idade é estimada em 3.800 anos.
A descoberta ocorreu na área de Vichama, localizada a norte de Lima, e considerada um dos sítios arqueológicos mais importantes do país sul-americano.
Ruth Shady Solís, diretora da Zona Arqueológica de Caral (ZAC) do Ministério da Cultura, confirmou que os símbolos estavam localizados num dos edifícios públicos cerimoniais da época.
Segundo a interpretação do especialista, citada em comunicado, a cena representaria “o anúncio da chegada da água“. O sapo é considerado um ícone relacionado à chuva e à água do rio, essencial para a agricultura. Por outro lado, a imagem da cabeça humana ilustraria o homem que esperava água para dar continuidade à vida.
Os relevos da Vichama estarão relacionados com a escassez e a fome sofrida pelos habitantes da região, de modo que especialistas dizem representar a “memória do coletivo social sobre as dificuldades enfrentadas pela mudança climática, escassez de água e comida”.
Em 2018, também outras figuras foram descobertas nas paredes do distrito arqueológico, cuja extensão é de 25 hectares. Na parede, podiam ser vistosos relevos de quatro cabeças humanas com os olhos fechados cercados por duas cobras. Segundo Ruth Shady, “as cobras representam a divindade ligada à água, que filtra a terra e faz a semente germinar”.
Do ponto de vista do especialista, neste muro, os habitantes de Vichama representavam a fertilização da terra em tempos de luta contra a escassez de água. Além disso, Solís indica que o mural forma o espaço do salão cerimonial de um edifício público em Vichama, orientado para as terras agrícolas dos vales de Huaura.
Entre 3.800 e 3.500 anos atrás, foram construídos 22 complexos urbanos, com edifícios públicos, locais de encontro e setores domésticos. A civilização caral floresceu entre os séculos XXX e XVIII a.C e é a mais antiga civilização dos estados pré-colombianos da América. Em 2009, a cidade sagrada de Caral-Supe foi declarada Património Cultural da Humanidade pela UNESCO.