Ex-Presidente do Sudão admite ter recebido mais de 80 milhões da Arábia Saudita

Jesse B. / U.S. Navy / Wikimedia

Omar al-Bashir, antigo Presidente do Sudão

O antigo Presidente do Sudão, que foi deposto em abril após vários meses de protestos, começou a ser julgado esta segunda-feira por corrupção.

O julgamento por corrupção do ex-Presidente do Sudão, Omar al-Bashir, começou esta segunda-feira e, segundo o Expresso, um investigador da polícia revelou em tribunal que o antigo chefe de Estado recebeu milhões de dólares da Arábia Saudita.

De acordo com o brigadeiro-general Ahmed Ali, Al-Bashir, acusado em junho de posse ilegal de divisas estrangeiras e de ter adquirido riquezas de forma suspeita e ilegal, admitiu ter recebido 90 milhões de dólares, mais de 80 milhões de euros, do reino saudita.

“O arguido disse-nos que o dinheiro encontrado era parte de uma soma de 25 milhões de dólares que o príncipe Mohammed bin Salman lhe enviou para usar à margem do Orçamento do Estado”, especificou o agente, citado pelo semanário.

O investigador revelou ainda que o ex-Presidente afirmou ter recebido dois pagamentos anteriores, um de 35 milhões e outro de 30 milhões de dólares, do antigo rei saudita Abdullah, que morreu em 2015.

Depois da audiência, o advogado do antigo chefe de Estado rejeitou as acusações, dizendo que é comum os líderes deterem quantias em moeda estrangeira. O Expresso escreve que a próxima audiência está marcada para sábado.

O julgamento surge numa altura em que o Sudão tenta a transição para um novo Governo, depois dos protestos violentos entre civis e a junta militar que governa o país desde a deposição de Al-Bashir.

De acordo com o Expresso, no último sábado, os líderes dos protestos e a junta militar assinaram um acordo de partilha de poder, sendo que a oposição pode agora escolher cinco membros do conselho e os militares outros cinco, cabendo aos dois a seleção conjunta de um civil como 11.º membro.

Desde dezembro, a repressão da contestação terá causado mais de 200 mortos. As autoridades apresentam balanços divergentes e com números de mortos e feridos bastante inferiores.

ZAP //

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