Os primeiros estudos para descobrir uma vacina contra a clamídia estão a deixar os investigadores otimistas. A imunização à bactéria sexualmente transmissível mais comum foi testada pela primeira vez em humanos e demonstrou ser segura.
A fase um do ensaio clínico, realizado por cientistas do Reino Unido e da Dinamarca, foi publicada esta segunda-feira na Lancet, segundo noticiou o Diário de Notícias.
Neste ensaio clínico, 35 mulheres não infetadas com clamídia foram divididas em dois grupos: algumas receberam a vacina em fase de teste e as restantes tomaram um comprimido de placebo, que não contém medicamento algum. Todas que tomaram a vacina mostraram uma resposta imunológica superior às que não tomaram.
“É óbvio que a investigação ainda está nos primórdios”, disse Frank Follmann, diretor do departamento de imunologia de doenças infeciosas do Instituto Statens Serum, na Dinamarca, citado pela NBC News. “Mas estamos muito felizes. Encontrámos uma resposta robusta”.
Agora a equipa terá de continuar os testes. Ainda não foi detetado qual o grau de prevenção no que diz respeito à transmissão da doença. Neste momento, a forma de evitar o contágio passa pelo uso de contracetivos, sendo o mais eficaz o preservativo.
“A principal questão da clamídia são as consequências a longo prazo”, indicou ao Independent o professor Robin Shattock, do Imperial College London, outra das entidades responsáveis pelo estudo.
Ainda que existam antibióticos que podem curar a infeção, quando esta não é tratada precocemente pode resultar em infertilidade, sobretudo no caso das mulheres, complicações durante a gravidez, artrites e aumento da propensão para contrariar outras doenças sexualmente transmissíveis, como o VIH.
“Um dos problemas que existe mesmo com os esforços para tratar a clamídia é que, apesar de um programa muito grande de rastreamento, teste e tratamento, as pessoas são repetidamente infetadas. Se pudéssemos introduzir uma vacina protetora, poderíamos quebrar este ciclo”, referiu Robin Shattock.
A clamídia é a doença sexualmente transmissível mais vulgar no mundo, segundo a OCDE. Em Portugal, 2,7% da população com mais de 18 anos contraiu a doença, de acordo com um inquérito nacional da responsabilidade do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, publicado em 2016, e que envolveu 4866 pessoas.