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Cerca de 19 mil pessoas foram detidas em centros de prisão preventiva na Venezuela no primeiro semestre

Jeffrey Arguedas / EPA

Cerca de 19 mil pessoas foram detidas no primeiro semestre na Venezuela e colocadas em centros de prisão preventiva, cuja capacidade é de 3.734 detidos, informou na terça-feira a organização não-governamental (ONG) Janela à Liberdade (JAL).

Os dados foram anunciados pela porta-voz daquela ONG, Magaly Huggins, durante uma conferência de imprensa sobre os Direitos Humanos, em Caracas. Segundo a JAL, no primeiro semestre foram detidas naquelas circunstâncias 19.082 pessoas, noticiou o Expresso, citando a agência Lusa.

“A Venezuela é um país em alerta. No (primeiro) semestre o contexto foram os protestos políticos que tiveram uma resposta imediata do Governo, que foi violência e repressão. A sobrelotação nos centros aumentou porque os detidos nos protestos públicos eram levados de imediato” para estes espaços, afirmou Magaly Huggins.

A JAL esclareceu que os centros de prisão preventiva são espaços que não têm áreas especiais para mulheres, algumas das quais estão grávidas. “A iniciativa do pessoal (prisional) é que se separem as mulheres dos homens dentro dos calabouços policiais”.

Já Carlos Nieto, coordenador da JAL, precisou que no primeiro semestre de 2019 morreram 119 pessoas destes centros e outras 30 na prisão de Acarígua, onde são levados os condenados.

Apesar de a legislação venezuelana prever que a permanência dos detidos nos centros não possa exceder as 48 horas (período em que devem ser apresentados perante um juiz), existem presos que estão há sete anos naqueles recintos.

“Falamos de presos, muitos deles, de alta perigosidade, envolvidos em homicídios, sequestros ou roubos (alguns dos quais) fogem e voltam às ruas, provavelmente para atentar outra vez contra os cidadãos”, esclareceu Carlos Nieto.

Segundo este dirigente, alguns presos estão “a morrer de doenças como a tuberculose, e de fome” porque não existe orçamento para estes centros de prisão preventiva. “Dependem dos familiares, mas muitos presos não têm familiares”, frisou ainda o responsável da ONG.

Regime libertou 64 presos políticos nos últimos 20 dias

De acordo com a ONG Forum Penal Venezuelano (FPV), um total de 64 presos políticos foram libertados na Venezuela no espaço de 20 dias. Segundo o presidente da organização, Alfredo Romero, comparativamente a 09 de julho passado, o número de presos políticos caiu de 614 para 550, referiu o Expresso, citando a Lusa.

“São 550 os presos políticos na Venezuela, segundo listagem atualizada do Forum Penal”, disse, indicando que a listagem será enviada à Organização de Estados Americanos “para verificação e certificação”. Do total, 443 são civis e 107 militares, dividindo-se entre 498 homens e 52 mulheres. Dividem-se ainda em 538 adultos e 12 adolescentes.

Entre os presos políticos na Venezuela está o politólogo luso venezuelano Vasco da Costa, que na terça-feira foi impedido, por falta de transporte, de fazer uma Biomicroscopia Ultrassónica para determinar se há perigo de expansão de um tumor cancerígeno que lhe foi extraído recentemente do olho esquerdo, disse à Lusa a irmã, Ana Maria da Costa.

TP, ZAP //

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