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Motoristas aproveitam eleições para pressionar Governo a chegar a acordo

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António Pedro Santos / Lusa

O vice-presidente do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), Pedro Pardal Henriques,

A ameaça de greve dos motoristas para agosto, que antecede as legislativas, pode pressionar o Governo a chegar um acordo urgente. Os sindicatos definem esta quarta-feira os serviço mínimos da greve.

“Este ano é ano de eleições, em outubro. Se nós não conseguirmos fazer nada este ano, eu acho um bocado difícil”, disse o vice do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), Pedro Pardal Henriques, durante o Congresso Nacional de Motoristas, que decorreu este mês.

Assim, os sindicatos esperam aproveitar as eleições legislativas marcadas para outubro de forma a pressionar o Governo a chegar a um acordo para as reivindicações dos motoristas.

Os representantes dos motoristas pretendem um acordo para aumentos graduais no salário-base até 2022: 700 euros em janeiro de 2020, 800 euros em janeiro de 2021 e 900 euros em janeiro de 2022, o que com os prémios suplementares que estão indexados ao salário-base, daria 1.400 euros em janeiro de 2020, 1.550 euros em janeiro de 2021 e 1.715 euros em janeiro de 2022.

Esta quarta-feira serão definidos os serviços mínimos da greve, que se realiza a 12 de agosto.

O pré-aviso do SNMMP e do Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM) propõe serviços mínimos de 25% em todo o território nacional, enquanto na greve de abril eram de 40% apenas em Lisboa e Porto.

De acordo com o documento a que a Lusa teve acesso, a proposta de serviços mínimos a assegurar “tem por referência 25% dos trabalhadores” em cada empresa que preste abastecimento de combustíveis, por exemplo, a “portos, aeroportos e postos de abastecimento das empresas que têm por objeto a prestação de serviço público de transporte de passageiros, rodoviários, ferroviários e fluviais”, bem como a “estruturas residenciais para pessoas idosas, centros de acolhimento residencial para crianças e jovens, estabelecimentos de ensino, IPSS e Santas Casas da Misericórdia”.

Já no caso do “abastecimento de combustíveis e matérias perigosas a hospitais, centros de saúde, clínicas de hemodiálise e outras estruturas de prestação de cuidados de saúde inadiáveis, estabelecimentos prisionais, bases aéreas, serviços de proteção civil, bombeiros, forças de segurança e unidades autónomas de gaseificação”, os sindicatos propõem que estes serviços sejam assegurados na totalidade, “nas mesmas condições em que devem assegurar em dias úteis, de feriado e/ou descanso semanal”.

Na segunda-feira, o SIMM ameaçou consequências mais graves para a greve que começa em 12 de agosto do que as sentidas em abril. O sindicato avisou que, além dos combustíveis, a próxima greve vai afetar também o abastecimento às grandes superfícies, à indústria e serviços, podendo “faltar alimentos e outros bens nos supermercados”.

A indústria, alertou o SIMM, “vai sofrer graves perdas e grandes exportadoras como a Autoeuropa correm o risco de parar a laboração”.

ANTRAM pede serviços mínimos de 75%

A Associação Nacional de Transportes Públicos Rodoviários de Mercadorias defende que são necessários serviços mínimos de 75% para assegurar o “direito constitucional” a férias, noticia o jornal ECO.

“É preciso rever os serviços mínimos. Na última greve foram de 40% e a paralisação parou o país. Sugerir agora 25% não faz sentido. A ANTRAM vai propor ao Governo a definição de serviços mínimos superiores, para que se assegure o direito constitucional dos portugueses a irem de férias”, apontou André de Almeida, representante da ANTRAM.

“Há que garantir que hospitais, aeroportos e outros serviços básicos para os portugueses estejam de alguma forma garantidos e que alguns destes serviços tenham 100% de trabalhadores”, insistiu.

No entanto, os sindicatos não parecem agradados com esta sugestão. “Isso são serviços máximos”, rematou Pedro Pardal Henriques. O sindicalista reitera a proposta de 25% e diz que caso sejam definidos mais de 40% de serviços mínimos, significa que o Governo “não está preocupado com os motoristas” e está a ser conivente com a ANTRAM.

“Estamos curiosos para ver se o Governo vai fraquejar e mostrar se a sua aliança com a ANTRAM e as petrolíferas é mais forte do que aquilo que é a razão e a justiça”, acrescentou.

A ANTRAM garantiu ainda que não negoceia com os sindicatos sob a ameaça de greve, dificultando desta forma um acordo que evite a paralisação dos motoristas marcada para agosto.

Abastecer antes da greve

O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, defendeu esta quarta-feira que os portugueses devem começar a “abastecer” as suas viaturas para “se precaverem” no caso de haver greve dos motoristas.

“Temos todos de nos preparar. O Governo está a fazer o seu trabalho [para evitar a greve], mas todos podíamos começar a precaver-nos, em vez de esperarmos pelo dia 12, que não sabemos se vai acontecer [a paralisação]. Era avisado podermo-nos abastecer para enfrentar com maior segurança o que vier a acontecer”, disse Pedro Nuno Santos aos jornalistas em Matosinhos, à margem da apresentação de um investimento na ferrovia.

ZAP // Lusa

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27 Comments

  1. Façam a greve de inverno e terão o todo o meu apoio cambada de gente ingrata.
    A culpa não é dos motoristas mas sim de quem está na realidade a ganhar dinheiro com isso, cavem e chegam lá.
    Só espero poder ter auxilio em caso de incêndio.
    Só espero ter auxilio e não morrer em casa, no trabalho, na estrada ou na praia.
    Pode ser que tenham uma surpresa estes motoristazecos, crianças mimadas liderados por outra criança mimada e birrenta à procura de protagonismo.
    Façam greve lutem pelos vossos direitos, mas não obriguem os portugueses a ficarem revoltados com vocês.
    Se alguém aqui perder um filho(a), companheiro(a), pai ou mãe, acreditem que isto cega, principalmente se poder ser evitado, pior ainda se foi consequência de….
    Eu se isto me acontecer limpo todos os que conseguir, em Portugal não há cumulo juridico, 1 ou 1000 é igual, 25 anos, cama, comida e roupa lavada, sporttv pra ver a bola.
    Pensem nisso.

    • Olha… tem mas é juízo. Todos os postos de abastecimento têm combustível para viaturas de emergência. Essa quota tem de estar sempre assegurada. Quanto à greve não concordo nem discordo. Não conheço o suficiente para concordar ou discordar (e até sei algumas coisas do setor). Mas a greve é um direito e se querem usufruir desse direito, então que o façam.
      Até porque não estarei por cá nessa altura. Por isso tanto se me dá como se me deu. Para onde eu vou há gasosa. E isso é o que me interessa.

    • O Sr. Ilusionista parece ser mas é um grande Egoista! Eu, apesar de não ser motorista e apesar de todos os transtornos que irei obviamente sofrer, dou a todos os motoristas do meu país o meu total apoio. Lutem pelos vossos direitos, pois mais niguém irá fazer esta luta por vós e espero sinceramente que consigam a vossa vitória, pois bem merecem!

  2. Motoristas ou um Sr Advogado a querer ganhar o dele Concordo com o comentário do ilusionista
    Se morrer alguém, por culpa destes senhores, devemos ir todos para cima deles.

    • Ja antes morreu mais gente por motivos mais estupidos e não me lembro de teres ido para lisboa para frente do parlamento para cima deles. Falar é fácil e temos de ponderar bem o que dizemos… atirar bocas à toa e ameaçar não serve de nada.
      Se queres fazer alguma coisa vai la para lisboa para o parlamento fazer barulho e pedir demissões, eras um Homem.

  3. Será que não há outra forma de se entenderem sem ter que ser sempre o mesmo a pagar, o povo, porque os poderosos estão a salvo.
    Serviços mínimos de 75%, isso é brincadeira ou estão a gozar com quem reivindica?
    Porque não serviços mínimos de 100%?
    Este “braço de ferro” parece uma briga de criança birrentas, entendam-se e cumpram os acordos.

  4. O Sr. Ministro, pleno de confiança no resultado das negociações vem, qual pirómano, despejar gasolina na fogueira. De uma penada esvaziou de efeitos os primeiros dias de greve e deitou por terra os esforços dos jornalistas na criação de pânico, a sua verdadeira especialidade. Genial!

    • Este convencido ministro não vale esterco. O gajo que era sapateiro em S.João da Madeira, pouco mais sabe que fazer sapatos. A solução dele é genial: portugueses, encham os carros de combustível. Estamos fodricados com esta gentalha que está aos comandos do país. Qual será o nosso destino próximo, enquanto país?

      • Essa resposta é fácil: no imediato, nova falência. No longo prazo, protectorado no sentido de garantir uma colónia de férias a preços razoáveis…

  5. Independentemente do direito à greve que assiste a esses motoristas, parece haver neste caso um claro jogo político-sindical (p. ex., aproveitamento de eleições, como foi dito pelo responsável do sindicato) que obriga injustamente os cidadãos a pagar este braço de ferro e que não dignifica os sindicatos envolvidos. O direito à greve só tem valor duradouro se for usado com bom senso. Tudo indica que tal não está a suceder agora, pois já tinha havido um encontro de posições em Abril-Maio para, agora, surgirem outras reivindicações adicionais.
    Em situações críticas como esta, há que tomar medidas de emergência.Provavelmente, a solução terá de ser uma requisição civil.

  6. Esta greve é uma greve política. Não são precisos mais argumentos do que o foi dito pelo sr. Pardal Henriques.

    A quem aproveita esta greve? àqueles que querem ver o país no caos.

    Quem tem interesse nessa situação os “bandalhos” que pretendem o regresso ao passado, onde as greves não eram permitidas e havia a mão forte do Salazar a “governar o país,

    A greve é um direito constitucional e inelutável, mas a insurreição desses indivíduos que querem quartar a liberdade da maioria dos outros cidadãos, não é constitucional.

    Eu entendo que o que se pretende ,com esta greve, é uma insurreição. Assim sendo há que promover a requisição civil dos motoristas, se até ao dia 12 não houver acordo dos sindicatos inorgânicos” com a associação patronal.

    • Oh pá, tem juízo. É uma classe profissional que está no seu direito. Acho inclusivamente que deveriam fazer greve até às eleições.

      • As entidades patronais andaram anos e anos a roubar estes motoristas, dando-lhes pouco mais que o ordenado mínimo. O que pedirem agora é muito justo, para compensarem um pouco daquilo que lhes roubaram. Aonde está o PCP e o BE a defenderem estes “esfolados” trabalhadores. Calados que nem ratos. É só a engolir sapos, esta corja.

    • Plenamente de acordo. Falta respeitinho pelo país! Pelo interesse público. O a bem da nação de outros tempo é agora um desavergonhado a bem de alguns facínoras! E ainda há quem aplauda, pois claro!

  7. Sendo eu o prejudicado, e não a Empresa, quero que estes Srs. sejam eles também prejudicados no futuro. combustível para “eles” não deve faltar !!!!!……….. Vão gozar com quem eu sei !

  8. Mas será que ninguém estranha que os motoristas, por mais que seja digno o seu trabalho, queiram receber mais do que alguns licenciados? Estes até podem ter responsabilidade na construção de uma grande infra-estrutura, na administração de um fármaco ou na defesa de um inocente. Apostaram recursos monetários e pelo menos 16 anos na sua formação académica de base, e a obrigação de se manterem actualizados ao longo da vida, para depois se confrontarem com vencimentos de 1000-1200€.
    Não defendo baixos salários para ninguém, mas há que ser razoável. Se uns merecem esse aumento por um trabalho que embora possa ser pesado, é pouco diferenciado, então vamos rever a tabela salarial de tantas e tantas profissões.

    • Nem mais. O argumento económico é também importante! No meu caso foram 25 anos de investimento na formação (e ainda não está totalmente concluída). E pouco mais ganho do que os 1000 a 1200€ que refere. Não esquecendo as noites que não dormi, todo o tempo que investi e o desgaste que tive. É que, ao contrário de alguns eu ainda tive de trabalhar para poder estudar!

  9. Este movimento grevista é uma subversão completa do direito à greve. Pois se já chegaram a acordo para este e o próximo ano, bom senso e boa fé seria aguardar pelo próximo ano para então negociaremm o ano seguinte (2021). Mas não! Querem guerra! Querem lixar a população mais necessitada e indefesa. A atitude de certos senhores à frente deste movimento é manifestamente abusiva, terrorista!

  10. Eu sou a favor da greve, quem mais vai lucrar com isto é o PS.
    Abram os olhos estão a usar-Vos.
    Se as coisas correrem mal irão ser o bode espiatório e colocar o POVO contra os camionistas.
    Se as coisas correrem bem não será por mérito do sindicato ou dos motoristas mas MÉRITO DO GOVERNO.
    Há um tempo para tudo. E a greve antes das eleições tem dedo do Governo e de alguns senhores do sindicato. Tirem as vossas eláções. Vejam verdadeiras motivações pensem pela vossa cabeça.
    São tão anginhos.
    Se querem mostrar a vossa força marquem a greve para o inicio de 2020 logo dia um ou dois de janeiro, ou semana do NATAL de 2019.
    Vocês (motoristas) com esta greve estaram a ser meros fontoches. O governo está a manipular-vos de tal forma que nem percebem.
    O governo vai ser o Herói no meio disto tudo e não vão conseguir nada apenas uns dias sem receber salário. Ao contrário de certos elementos do sindicato.
    Requesição civil de tudo a legislação é linda.
    É o que dá serem cordeirinhos e guiados por uma mente iluminada.
    Vejam o que aconteceu aos alemães por seguirem Hitler cegamente.
    MOTORISTA
    Se és fascista ou simpatizante do PS, AVANÇA pra GREVE dia 12…

    • Parabéns ! Muito bem visto. O PS até quererá esta greve. Mas não o pode manifestar, por motivos óbvios. A política é sorrateira e hipócrita. Senhores do Sindicato anulem essa greve e depois das eleições pensem nisso.

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