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Professor terá provas da ligação entre Huawei e espionagem chinesa

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Rungroj Yongrit / EPA

Um académico norte-americano, que foi despedido em 2018 de uma prestigiada universidade chinesa, disse à Lusa ter provas de um relacionamento “institucional” entre o grupo de telecomunicações Huawei e os serviços de inteligência chineses.

Christopher Balding identificou funcionários da Huawei simultaneamente empregados pelas forças armadas chinesas, ou que trabalharam anteriormente em projetos de monitorização e hacking de telecomunicações, e outros que descrevem o seu trabalho no grupo de tecnologia como estando ligado ao Ministério de Segurança do Estado da China.

O professor na Universidade Fulbright do Vietname, em conjunto com investigadores na unidade de investigação norte-americana Henry Jackson Society, tiveram acesso a cerca de 25.000 currículos de funcionários da Huawei, divulgados da base de dados de recrutadores chineses.

“Encontramos casos em que funcionários referem essencialmente que operam para os serviços de inteligência chineses ou que, ao mesmo tempo, fazem pesquisa na Huawei e estão empregados no Exército de Libertação Popular”, descreveu Balding à agência Lusa.

O norte-americano admite que é comum em todo o mundo empresas tecnológicas contratarem antigos militares, mas que, no caso da Huawei, há funcionários que cooperam diretamente com o Estado na recolha de dados por aparentes “motivos políticos”. “Muitos currículos referem estas operações como fruto de uma relação quase institucionalizada”, apontou.

Os resultados preliminares da pesquisa, que se vai desenvolver ao longo dos próximos meses, surge numa altura de intenso debate na Europa, incluindo em Portugal, sobre se a Huawei deve ser incluída na construção de infraestruturas para redes de Quinta Geração (5G), a Internet do futuro. Austrália, EUA, Nova Zelândia e Japão restringiram já a participação da empresa nos seus mercados.

As conclusões do estudo não podem ser confirmadas independentemente, já que Balding não compartilhou a base de dados publicamente, descrevendo em termos concretos apenas três perfis, de forma a proteger as identidades dos indivíduos.

O académico afirma que os dados e resultados da pesquisa foram partilhados com investigadores, governos e políticos de “confiança” e que está disposto a responder a questões em particular.

Em comunicado, a Huawei disse que, após uma investigação preliminar, “não detetou nenhum desses supostos” currículos de funcionários da Huawei. A empresa afirmou ainda que encoraja estudos profissionais e com base em factos. “Esperamos que, no futuro, os trabalhos de investigação contenham menos conjeturas ao formular conclusões”, acrescentou.

A desconfiança sobre a Huawei é alimentada, em parte, pelo seu fundador, Ren Zhengfei, ser um ex-engenheiro do exército chinês, e por uma lei aprovada em 2017, que obriga as grandes empresas chinesas a cooperarem com os serviços de inteligência do país. A empresa nega qualquer ligação aos serviços de inteligência e às forças armadas chinesas.

“A Huawei mente”, diz Christopher Balding. “Já foram apanhados a mentir tantas vezes que perderam a credibilidade”, acrescenta. Christopher Balding lecionou durante nove anos e até ao ano passado na filial em Shenzhen, sul da China, da Escola de Negócios HSBC, da Universidade de Pequim. No entanto, a instituição não renovou o contrato, apontando fraco desempenho académico.

Meses antes Balding tinha lançado um abaixo-assinado online para que a universidade britânica de Cambridge repusesse mais de 300 artigos politicamente sensíveis, removidos do seu portal oficial na China a pedido das autoridades chinesas.

// Lusa

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3 Comments

  1. E novidades?!
    Se nos EUA o fazem, só mesmo alguém muito ingénuo para achar que uma ditadura de partido único que quer “dominar” o mundo, não espia o máximo possível!…

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