O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) discutiu esta tarde com responsáveis da TAP novas medidas mitigadoras da contaminação do ar no A330 que está a provocar enjoos, vómitos, cansaço e mal-estar à tripulação e passageiros.
Segundo adiantou ao Expresso Bruno Fialho, membro da direção do sindicato, não estão envolvidas quaisquer questões relacionadas com a estabilidade do voo ou de segurança, mas sim com a entrada no interior da aeronave de um químico (organofosfato) que provoca o mal-estar.
“Há um problema de fabricação do avião que tem de ser resolvido”, defende. Aqui, a responsabilidade é da Airbus, a fabricante do A330.A TAP tem dez aviões A330 em circulação e têm sido relatados problemas em todos eles, segundo o SNPVAC.
O sindicato refere, contudo, que, com as medidas mitigadoras que já foram introduzidas – nomeadamente o aumento do oxigénio – o número de queixas diminuiu. Bruno Fialho admite que as medidas já implementadas pela TAP têm sido corretas, mas é preciso mais até que o número seja zero.
“Estamos alerta e a fazer pressão para que o problema seja resolvido”, avança Bruno Fialho. O sindicato está à espera das análises ao sangue que foram feitas às pessoas que sofreram os sintomas de mal-estar.
A TAP e Airbus, embora reconheçam que há odores dentro do avião A330, asseguram que a qualidade do ar a bordo “está dentro de todos os limites aceitáveis”. As duas companhias asseguram que estão a escrutinar exaustivamente todos os potenciais causadores destes sintomas e garantem que os testes que fizeram até agora, executados por entidades externas, não detetaram qualquer problema.
A TAP voltou a repeti-lo esta segunda-feira em comunicado à imprensa depois de ter noticiado sido que a Airbus admitia falhas nos aviões da TAP, numa carta enviada à empresa a 7 de junho. “A qualidade do ar a bordo dos A330-900neo está dentro de todos os limites recomendados” diz a TAP em comunicado.
Fonte oficial da TAP volta rejeitar a hipótese de a má disposição relatada por tripulantes a passageiros estar relacionada com os odores sentidos em alguns voos. “Das centenas de voos já realizadas com os A330-900neo, foram detetados odores em apenas alguns voos, com causas já determinadas e soluções encontradas por parte da Airbus”.
Antonoaldo Neves, o presidente executivo da TAP, vai esta quinta-feira a uma audição na Assembleia da República. O tema dos enjoos estará em cima da mesa, assim como os prémios polémicos atribuídos a 180 trabalhadores.
A companhia aérea portuguesa mandou investigar no mês passado depois de vários relatos de maus cheiros, indisposições e vómitos a bordo. Relativamente a estes problemas denunciados pelas tripulações destes novos aviões, a Airbus diz ainda não ter resposta para o problema.
Não são só os tripulantes de cabina a queixar-se. Os pilotos também estão preocupados. Numa carta escrita pelo SPAC, o sindicato dos pilotos diz que “tem vindo a acompanhar com grande apreensão” o fenómeno de odores e vapores nos novos aviões.
Na semana passada, o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil já contava mais de uma dezena de casos de enjoos, tonturas, ardor nos olhos e “confusão mental” em tripulantes e passageiros — com a hipótese de uma greve a estar em cima da mesa.
O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) diz ter já recebido mais de uma dezena de denúncias de indisposições “que estão a colocar em alvoroço os tripulantes de bordo” da companhia aérea e que terão motivado várias reuniões de alto nível.
Apesar de parecer não haver problema para a saúde, o sindicato diz que “assim é que não pode continuar” e ameaça convocar uma greve “caso a TAP não mostre garantias de que o problema pode ser resolvido em pouco tempo”.
Também na semana passada, a TAP garantiu que testes efetuados a bordo dos novos A330neo não encontraram “a bordo quaisquer substâncias que possam constituir um perigo para a saúde dos tripulantes e dos passageiros”, nem “registo de insuficiência de oxigénio”.
A companhia aérea portuguesa, à semelhança do que já fez a Airbus, garante que os fenómenos verificados nestes aparelhos não têm efeitos nocivos para a saúde, não se tratando de gases tóxicos que possam afetar passageiros, tripulantes ou pilotos. A segurança dos voos não estará em causa.
A Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA) também está a investigar os estranhos casos de enjoos nos novos aviões da TAP.