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Lagosta e vinho caro. Excentricidades levaram ministro francês do Ambiente a demitir-se

bruno perroud / Wikimedia

François de Rugy

Após a polémica em torno dos seus grandes gastos enquanto presidente da Assembleia Nacional francesa e governante, François de Rugy saiu do Governo. No entanto, diz-se vítima de “linchamento mediático”.

François de Rugy, ministro francês do Ambiente, demitiu-se na sequência das revelações do site Mediapart sobre jantares faustosos que organizou no Parlamento, com marisco e vinhos caros, quando era presidente da Assembleia Nacional e dos 63 mil euros que gastou nas obras do apartamento em Paris a que tem direito como ministro.

O agora ex-governante sai do Governo dizendo-se vítima de “linchamento mediático” e com a confiança de Emmanuel Macron. O Presidente francês critica a cultura da “denúncia” e adianta que não toma decisões “com base em revelações, mas em factos, se não isto torna-se a República da delação”, afirmou na segunda-feira, citado pelo Le Monde.

Apesar do apoio do Presidente, Rugy não teve força para se manter no posto, pressionado pela polémica em torno dos seus gastos excessivos.

O ministro do Ambiente, que foi presidente do Parlamento entre junho de 2017 e setembro de 2018,​ organizou uma dezena de jantares de lagosta, champanhe e vinhos provenientes das caves da Assembleia Nacional, alguns no valor de mais de 500 euros a garrafa, quando era presidente daquele órgão, adianta o jornal Público.

Entre os convidados do deputado da República em Marcha havia membros da sua família e várias pessoas do círculo de amigos da sua mulher. De acordo com o diário, o ex-ministro assegura que se tratavam de “jantares informais ligados ao exercício das funções com personalidades da sociedade civil”.

Há também as obras de “conforto”, pagas pelos contribuintes franceses, no apartamento em Paris a que Rugy tinha direito, como ministro, que ascenderam a 63 mil euros.

No Facebook, Rugy afirmou que os “serviços responsáveis pela gestão dos edifícios do Estado concordaram com a necessidade de efetuar obras de renovação no apartamento, qualificado, cito, como ‘vetusto’”. O montante elevado justifica-se com o facto de se localizar num imóvel que é património histórico, do século XVIII, explicou Rugy, citado pelo jornal francês.

Elisabeth Borne nomeada ministra do Ambiente

Horas após a demissão de François de Rugy, Elisabeth Borne foi esta terça-feira nomeada para o seu lugar como ministra do Ambiente, um cargo que em França tem o nome de Transição Ecológica e Solidária.

Segundo o Le Fígaro, que cita fonte governamental, Elisabeth Borne, que até agora estava sob a tutela do Ministério do Ambiente com a pasta dos Transportes, não assumirá a posição de ministra de Estado como o seu antecessor.

No Twitter, a nova ministra mostrou-se “determinada a continuar este combate essencial que é a transição ecológica e solidária”, dizendo que “a confiança” do Presidente da República e do primeiro-ministro no seu trabalho é “uma imensa honra”.

Segundo o Expresso, antes de assumir a pasta dos Transportes em maio de 2017, Borne era presidente da RATP, a empresa responsável pelos transportes públicos em Paris e nos arredores da capital. Anteriormente, a engenheira civil já tinha passado por outros Ministérios.

Em 1987, ingressou no Ministério dos Equipamentos antes de trabalhar no Departamento Regional de Equipamentos de Île-de-France. Em 1991, foi conselheira do então ministro da Educação Nacional, Lionel Jospin, e, mais tarde, do sucessor, Jack Lang.

ZAP //

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