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Mistério dos bizarros cristais de sal do Mar Morto resolvido

hanna azar / wikimedia

Formação salina no Mar Morto

O Mar Morto está a tornar-se cada vez mais salgado. Agora, os cientistas acabaram de desvendar a origem dos enigmáticos cristais de sal que acabam por se formar no fundo do lago.

O Mar Morto é um lago hipersalino separado das águas oceânicas do Mar Mediterrâneo. Por incrível que pareça, está a ficar mais salgado com o tempo, apesar de já ser quase dez vezes mais salgado do que a água do mar.

Mas se o Mar Morto está a ficar cada vez mais salgado, a culpa é do Homem. Segundo o Science Alert, a atividade humana está a fazer com que a água doce do rio Jordão – que alimentava o Mar Morto – seja desviada para outros propósitos, incluindo agricultura, mineração e água potável.

Com a água doce fora da equação, o teor de água salgada do Mar Morto evapora lentamente, deixando apenas cristais de sal para trás. Ainda assim, estes cristais e a forma como se movem dentro do que resta do Mar Morto tem vindo a confundir os cientistas.

Depois de a água doce ter começado a ser desviada, os cientistas aperceberam-se de que os cristais de sal estavam a afundar na camada superior do Mar Morto, acumulando-se no fundo do lago. Os cientistas não entenderam como é que este fenómeno, conhecido como dedilhado salino, estava a acontecer no Mar Morto, já que não tinham conhecimento de que aconteça em nenhum outro corpo de água hipersalina.

O engenheiro mecânico Raphael Ouillon, da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, explicou que o fenómeno inicia com a “criação destes dedos, que são demasiado pequenos para serem observados”. Depois, rapidamente interagem entre si à medida que avançam e formam estruturas cada vez maiores, que acabam por afundar.

Nesta nova investigação, o engenheiro e a sua equipa estudaram este fenómeno no Mar Morte e descobriram, finalmente, porque é que o mesmo acontece nestas águas.

Quando o Sol brilha sobre o Mar Morto, a camada superior do lado aquece e fica mais quente do que as camadas inferiores de água fria. Isto significa que a camada superior se torna mais salgada do que o normal. Mas como é que os cristais produzidos pela evaporação começam a sua viagem até ás profundezas do lago? Uma explicação foi proposta em 2016, tendo sido testada agora pela equipa de Ouillon.

Os cientistas não entendiam como é que o sal afundava, uma vez que as águas quentes e frias não se misturam facilmente. Para melhor compreender este acontecimento e de que forma é possível, os investigadores simularam se ondas e outras fontes de movimento conseguiam empurrar parcelas de água morna para baixo, de forma a se misturar com a água mais fria.

Quando isto acontece, a água quente é arrefecida, o que faz com que descarregue o seu teor de sal, fazendo com que a descida dos cristais se pareça com queda de neve no fundo do lado. Os resultados foram publicados recentemente na Water Resources Research.

Este fenómeno pode explicar a acumulação de depósitos de sal noutras zonas. “Sabemos que muitos lugares em todo o mundo têm depósitos espessos de sal na crosta terrestre,  depósitos que podem ter até um quilómetro de espessura. No entanto, não temos certezas quanto à forma como esses depósitos salinos foram criados”, escreveram os cientistas.

Agora, e graças ao Mar Morto, o mistério pode ter sido desvendado.

ZAP //

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