Michael Reynolds / EPA

Senadores estaduais do Oregon, nos Estados Unidos (EUA), encontram-se a monte desde quinta-feira para não votarem uma lei ambiental. Procurados pela polícia, voltaram este domingo a faltar a uma sessão legislativa, impedindo que haja quórum para a votação e bloqueando os trabalhos do congresso estadual.
A polícia estadual tem ordens para os localizar e deter, uma medida urgente tendo em conta que a presente legislatura termina a 30 de junho e os orçamentos têm de ser aprovados até lá. De acordo com o Público, um dos senadores ameaçou mesmo a polícia de que os agentes serão recebidos a tiro se o tentarem prender.
O Partido Democrata detém a maioria (18) no Senado de 30 eleitos, mas as sessões precisam de um quórum de 20 senadores. Sabendo de antemão que iam ser derrotados, os republicanos decidiram passar à clandestinidade porque, dizem, esta é a única forma de fazer pressão política.
Em causa está um projeto-lei que impõe limites às emissões de carbono, incentivando as empresas a adotarem tecnologias energéticas verdes. Até 2050, as emissões terão de ser reduzidas na ordem dos 80%, com base nos valores das emissões de 1990. Segundo a BBC, os preços dos combustíveis deveriam subir em consequência da aprovação da lei, o que afetaria sobretudo os agricultores do Oregon.
Os republicanos exigem que a lei seja submetida a uma votação alargada a todos os cidadãos do Estado, porventura um referendo, e que não seja votada no órgão legislativo.
Os EUA emitem 5,1 milhões de quilotoneladas de dióxido de carbono por ano, apontam valores de 2015 referidos pela CNN. A França (0,3 milhões), por exemplo, demoraria 15 anos a atingir o que o gigante norte-americano emite em apenas um ano. O país é um dos principais produtores de emissões de carbono do mundo.
“Os cidadãos do Oregon merecem melhor. É tempo da maioria partidária considerar todos os cidadãos do Estado e não apenas os de Portland”, afirmou o líder dos republicanos no Senado, Herman Baerschiger Jr, em comunicado.
Em comunicado, pouco depois de ter ordenado à polícia estadual que os localizasse, a democrata indicou que os mesmos “têm de voltar e cumprir com o trabalho para o qual foram eleitos”.
É a segunda vez que os senadores abandonam uma votação para pressionar politicamente os seus rivais democratas. Na outra vez, há um mês, conseguiram concessões em relação a leis de armas e vacinas.
Há rumores de que os senadores estejam no estado vizinho do Idaho, avançou a BBC, onde a polícia do Oregon não tem jurisdição para os procurar ou deter.
Um dos senadores, Brian Boquist, reagiu em tom de ameaça à ordem da governadora ao dizer a um canal de notícias local que o superintendente da polícia estadual deve “enviar [agentes] solteiros e bem armados”, acrescentando que não seria “um prisioneiro político no Estado do Oregon”.
A polícia estadual enfrenta ainda uma outra ameaça: as milícias nacionalistas prometeram proteger os senadores fugitivos se estes lhes pedirem, escoltando-os e dando-lhes refúgio.
O líder de um destes grupos, Paul Luhrs, do Oregon III%, garantiu no Facebook que a sua organização tinha “prometido providenciar a segurança, o transporte e o refúgio que os senadores precisarem”. “Chegou ao nosso conhecimento que quase todos os senadores estão em segurança no Idaho, sem qualquer hipótese de extradição”, declarou.
Desde a chegada de Donald Trump à Casa Branca que as milícias nacionalistas cresceram e se multiplicaram significativamente. Estão ativas na fronteira entre os EUA e o México, perseguindo e detendo imigrantes que tentem passar a fronteira sem autorização.