O Presidente da República considera que “há uma forte possibilidade de haver uma crise na direita portuguesa nos próximos anos”, notando que “o que aconteceu à direita” nas eleições europeias “é muito preocupante”.
Numa intervenção em Inglês, na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa falou das eleições europeias do passado domingo, declarando que Portugal tem agora “uma esquerda muito mais forte do que a direita” e que “o que aconteceu à direita é muito preocupante”.
“O PS fortaleceu a sua posição, e quem sabe se isso acontecerá de forma ainda mais profunda nas próximas eleições legislativas”, referiu o chefe de Estado, notando que os socialistas podem vir a ter “diferentes possibilidades” para formar maioria, além de PCP e Bloco de esquerda, “porque outros partidos estão a crescer”, como é o exemplo do PAN.
No caso da direita, há uma fragmentação, “em vez de dois partidos, quatro, cinco ou seis, embora alguns deles sejam muito pequenos”, e uma “crise interna nos mais importantes partidos” que estiveram coligados no anterior Governo, PSD e CDS-PP, mas entre os quais há agora “uma impossibilidade de diálogo“.
“Portanto, há uma forte possibilidade de haver uma crise na direita portuguesa nos próximos anos”, vaticinou Marcelo, frisando que este é o cenário “muito realista”.
“Isto explica por que é que o equilíbrio de forças está como está. E um bocadinho também porque é que o Presidente, pelo menos neste momento, é importante para equilibrar os poderes”, acrescentou.
Marcelo Rebelo de Sousa salientou ainda que “veio da direita” e argumentou que, “com um Governo forte de centro-esquerda e uma oposição de direita fraca, cabe ao Presidente, não equilibrar, porque não pode ser oposição a nenhum Governo, é claro, mas ser muito sensível e sentir que é preciso ter um equilíbrio no sistema político“.
ZAP // Lusa