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O plasma solar pode ajudar a construir reatores de energia nuclear segura

Uma equipa de cientistas da Irlanda e da França descobriu como é que a matéria se comporta nas condições extremas da atmosfera do Sol, podendo esta investigação ajudar a construir reatores de energia nuclear segura.

Na nova investigação, cujos resultados foram esta semana publicados na revista científica Nature, a equipa recorda que o pouco compreendido plasma – também conhecido como o “quarto estado da matéria” – pode ser a chave para o desenvolvimento de geradores de energia nuclear seguros, limpos e eficientes na Terra.

Apesar de ser a forma mais comum de matéria no Universo, o plasma continua a ser um mistério para os cientistas, especialmente devido à sua escassez nas condições naturais da Terra, o que dificulta consequentemente o seu estudo, observam os cientistas.

Tendo em conta esta dificuldade, o Sol é uma espécie de laboratório natural perfeito para estudar de que forma é que o plasma se comporta sob condições muitas vezes extremas para os laboratórios terrestres.

“Combinámos observações de rádio com câmaras ultravioleta da nave espacial do observatório de Dinâmica Solar da NASA para mostrar que o plasma do Sol pode muitas vezes emitir uma luz de rádio que emite pulsos, como um farol de rádio”, começou por explicar Eoin Carley, do Trinity College, em Dublin.

“Sabemos desta atividade há décadas, mas o uso que demos a estes instrumentos e ao equipamento que temos na Terra permitiu-nos obter imagens dos pulsos de rádio pela primeira vez e ver exatamente como é que os pulsos de plasma se tornam instáveis na atmosfera solar”, sustentou o cientista.

Segundo explicam os cientistas, as linhas do campo magnético que passam pelos pontos na superfície do Sol partem-se repentinamente e começam a conectar-se, gerando chamas. Consequentemente, a energia do campo magnético encerrada na coroa – a camada superior da atmosfera solar – começa a fluir para o seu interior.

Este processo é acompanhado pela libertação de enormes quantidades de energia, que aquecem o plasma da estrela em dezenas de milhões de graus, fazendo também com que esta se expanda e se mova para o lado, passando para o seu interior, onde colide com grupos mais frescos de matéria solar.

De acordo com os cientistas, algo semelhante a este processo pode vir a ser replicado em reatores termo-nucleares, mas neste caso os processos vão interferir na manutenção da reação. “O único problema é que os plasmas de fusão nuclear são altamente instáveis, assim que o plasma começar a gerar energia, alguns processos naturais desconectam a reação. Contudo este ‘apagão’ funciona como uma espécie de interruptor de segurança inerente, os reatores de fusão não pode gerar reações fora do controle”, apontou Peter Gallagher, investigador da Irlanda.

E acrescentou: “Isto também significa que o plasma é difícil de manter num estado estável para gerar de energia”. Contudo, estudar como é que “os plasmas se tornam instáveis no Sol, pode ajudar-nos a aprender a controlá-los na Terra”, rematou.

ZAP //

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