Pela primeira vez desde os dois acidentes aéreos registados com o seu modelo 737 MAX, a Boeing reconheceu a existência de falhas no software do simulador usado para treinar os pilotos do aparelho, garantindo que os problemas foram agora corrigidos.
A Boeing admitiu, pela primeira vez, que havia falhas no software de simulação que foi usado para reproduzir as condições de voo dos aviões 737 MAX, que estiveram envolvidos em dois acidentes de aviação mortais nos últimos seis meses. A notícia foi avançada pelo The Financial Times este domingo.
De acordo com a empresa de aviação, o simulador de voo foi incapaz de reproduzir algumas das condições. “A Boeing fez correções no simulador do 737 Max e disponibilizou informação adicional aos operadores para assegurar que a experiência de simulação é representativa de todas as diferentes condições de voo”, afirmou fonte oficial.
“Estas mudanças foram feitas para melhorar a simulação de carga de força na roda de compensação manual. A Boeing está a trabalhar proximamente com fabricantes e reguladores nestas mudanças e melhorias, bem como para assegurar que o treino dos clientes não é interrompido”, acrescentou ao matutino.
Apesar de a possibilidade de existência de problemas nos sistemas de simulação usados pelas companhias aéreas para treino dos pilotos já ter sido noticiada pelo The New York Times, esta é a primeira vez que a empresa admite estar a trabalhar em correções.
Há dois meses, o Departamento dos Transportes do Governo dos EUA lançou uma auditoria à certificação do Boeing 737 MAX 8, após dois desastres em que morreram 346 pessoas. Um 737 MAX 8 da Etiópia Airlines despenhou-se em 10 de março a sudeste de Adis Abeba, provocando a morte dos 157 ocupantes. Menos de seis meses antes, em outubro do ano passado, a queda de um outro aparelho da Lion Air provocou 189 mortos, na Indonésia.
As falhas apontadas à Boeing são uma das mais graves crises reputacionais que a empresa já teve de enfrentar na sua história. Segundo o Público, no passado mês de Abril, a empresa norte-americana, que em conjunto com a Airbus domina há várias décadas o sector da construção aérea no mundo, anunciou uma quebra de 13% nos lucros registados no primeiro trimestre deste ano.
A proibição de utilização do modelo 737 MAX foi a razão dada para estes resultados, cuja deterioração poderá prolongar-se pelos trimestres seguintes.