Mais de três décadas após o maior acidente nuclear da História, os níveis de radiação em partes da área proibida de 2.600 quilómetros quadrados de Chernobyl permanecem perigosamente altos.
Num esforço para mapear as flutuações na radioatividade em toda a região, os investigadores usaram drones para inspecionar a paisagem contaminada, revelando pontos quentes de intensa radiação que as autoridades não tinham ideia que existiam.
Quando o reator número quatro da central nuclear de Chernobyl explodiu em abril de 1986, libertou mais de 400 vezes mais radiação do que a bomba atómica lançada sobre Hiroshima no final da II Guerra Mundial.
Ao longo dos anos, os níveis de radioatividade diminuíram gradualmente e, em 2011, partes da zona proibida foram abertas aos turistas. No entanto, com mais de 70 mil visitantes por ano em Chernobyl, na Ucrânia, é muito importante que os responsáveis tenham conhecimento de qualquer ponto radioativo.
Uma equipa do Centro Nacional para Robótica Nuclear do Reino Unido desenvolveu um sistema de mapeamento por drone que usaram para criar uma imagem detalhada de uma secão de 15 quilómetros quadrados da zona proibida.
Para isso, enviaram um drone de asa fixa em 50 voos separados durante um período de dez dias. O drone usava um método remoto de deteção de laser chamado Light Detection and Ranging (LiDAR) para criar um mapa tridimensional do terreno e um espetrómetro de raios gama para medir os níveis de radiação.
Quaisquer pontos interessantes ou incomuns foram investigados em maior detalhe usando um drone de asas rotativas, capaz de pairar extremamente perto de locais que seriam demasiado perigosos para os humanos entrarem.
Começando a cerca de 13 quilómetros do local do antigo reator, os drones moveram-se gradualmente em direção à Floresta Vermelha – assim chamados porque o desastre fez com que as folhas de todas as árvores ficassem vermelhas. Situada a apenas 500 metros do local da explosão, a floresta sempre esteve cheia de radiação, mas os investigadores ficaram surpreendido ao descobrir que estava cheia de pontos de radioatividade muito alta.
Em particular, um depósito dentro da floresta que tinha sido usado para classificar o solo contaminado durante a operação de limpeza inicial apareceu no mapa como um brilhante reservatório de radiação.
Tom Scott, da Universidade de Bristol, que liderou a investigação, disse à BBC que “o legado deixado naquela instalação é essencialmente combustível nuclear usado espalhado pelo chão, o que dava uma dose muito alta de radiação”.
Muitos dos radioisótopos identificados no local têm meias-vidas extremamente longas, o que significa que demora muito tempo para que metade dos seus átomos radioativos se decomponha, por isso é provável que os níveis de radiação permaneçam perigosamente altos nos próximos anos.
ZAP // IFL Science