Espanha vai a votos, naquela que será a terceira eleição legislativa em menos de quatro anos. O avanço da extrema-direita, a persistente crise na Catalunha, a economia e o desemprego marcam as eleições deste domingo.
Os socialistas do PSOE são os favoritos nas eleições gerais que se realizam este domingo em Espanha, mas longe de conseguirem a maioria absoluta, numa consulta em que se espera a irrupção do partido de extrema-direita Vox.
Quase 37 milhões espanhóis podem exercer o seu direito de voto das 09h00 (08h00 em Lisboa) até às 20h00 (19h00) para escolher os 350 deputados e 208 senadores das Cortes Gerais, havendo ainda eleições para o parlamento regional na Comunidade Valenciana.
As sondagens dão conta de um sistema político muito fragmentado com cinco partidos a terem mais de 10% das intenções de voto, o que dificultará as negociações para encontrar uma solução governativa estável.
O PSOE lidera as sondagens com cerca de 30%, seguido do PP (Partido Popular, direita) com quase 20% e um grupo de três partidos entre 10 e 15%: Cidadãos (direita liberal), Unidas Podemos (extrema-esquerda) e Vox (extrema-direita).
A fragmentação partidária e a percentagem elevada de indecisos detetada pelos estudos de opinião, cerca de 40%, dificultam muito qualquer análise sobre as várias possibilidades pós-eleitorais.
Segundo dados do Ministério do Interior (Administração Interna) espanhol, haverá mais de 92.000 agentes de diversos corpos de polícia a vigiar o ato eleitoral, assim como o reforço das medidas antiterroristas e um plano especial para impedir os ciberataques.
Risco de instabilidade política
Em menos de quatro anos, esta é a terceira vez que os espanhóis vão às urnas, pelo que o risco de uma paralisação política permanece elevado. Apesar de as sondagens apontarem para a vitória do presidente do governo, Pedro Sánchez, o PSOE não terá maioria para governar sozinho.
Ora, Sánchez terá de procurar uma aliança com a esquerda radical do Podemos e com os partidos regionais, como os separatistas catalães e os nacionalistas basco. Uma outra opção seria uma aliança com o Cidadãos, de centro-direita liberal, que afirma publicamente o seu desejo de afastar Sánchez do poder. Sánchez não afasta esta hipótese.
As sondagens, no entanto, consideram improvável que Cidadãos, PP e o partido de extrema-direita Vox alcancem uma maioria de governo.
O avanço da extrema-direita
Espanha está sem presença substancial da extrema-direita desde a morte do ditador Francisco Franco, em 1975. Contudo, pode registar um grande avanço do Vox, um partido com discurso ultranacionalista, que tem entre os seus candidatos generais da reserva defensores do franquismo.
O partido era praticamente inexistente nas sondagens há 12 meses. Contudo, em dezembro, conquistou 11% dos votos nas eleições regionais na Andaluzia, ajudando o PP e o Cidadãos a desalojar do poder os socialistas. O Vox surpreendeu, e continua a surpreender, o tabuleiro político do país.
ZAP // Lusa