Branco, negro, ciganos ou asiático? Questões do Censos preocupam ciganos

O Censos de 2021 está a preocupar a comunidade cigana, devido às perguntas sobre a origem racial, que serão incluídas pela primeira vez. Várias associações ciganas temem que possa levar ao aumento da discriminação e do racismo.

Um grupo de trabalho nomeado pelo Governo entendeu que o próximo Censos, em 2021, deve integrar perguntas sobre as origens étnicorraciais da população portuguesa. Apesar de a palavra raça ou etnia não estar explícita, os especialistas propõem que o Censos pergunte aos cidadãos se são brancos, negros, ciganos ou asiáticos.

A opção foi aprovada com nove votos a favor, quatro contra e a abstenção do presidente do grupo de trabalho, Jorge Vala, que representava o Alto Comissário para as Migrações. A recomendação segue agora para o Conselho Superior de Estatística e para o INE, a quem cabe a decisão final de aprovar.

Várias associações ciganas já manifestaram o seu descontentamento com esta medida, que pode trazer enormes complicações sociais para as comunidades ciganas em Portugal. Segundo uma sondagem da Universidade Católica, 78% dos inquiridos mostrou-se a favor da introdução deste tipo de perguntas no Censos.

“A recolha de dados étnicorraciais por parte do Estado, quando não é anónima, e a sua posse pelos diferentes organismos pode levar ao aumento da discriminação e do racismo”, escreveram algumas associações no relatório.

O facto da sua origem étnica ficar “cadastrada” social e geograficamente, pode levar “à perseguição da população cigana”. Um problema que ganha outras dimensões com o crescimento de movimentos populistas. Citadas pelo Expresso, as associações de ciganos portugueses dizem que Portugal não é alheio a este fenómeno.

O “Chega”, liderado por André Ventura, é um dos exemplos destacado. O partido de extrema-direita já demonstrou o seu racismo em relação à comunidade cigana e, com a posse destes dados, pode ser feito um uso indevido da informação para atos discriminatórios e racistas.

“Estamos em Portugal há 500 anos e ainda somos considerados estrangeiros; somos a comunidade que mais sofre no país e, por isso, temos receio da utilização destas informações”, disse Bruno Gonçalves, um dos subscritores do relatório.

ZAP //

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