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Ramy escondeu o telemóvel, fingiu rezar em árabe e salvou os colegas do incêndio em autocarro escolar

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Daniele Bennati / EPA

Saiu frustrado o plano de sequestro de 51 crianças e incêndio promovido pelo motorista, italiano de origem senegalesa, de um autocarro escolar, perto de Milão, em Itália.

O condutor, Ousseynou Sy, de 47 anos, avisou que “ninguém vai sobreviver”, mas a polícia conseguiu resgatar os reféns através da parte traseira do veículo, cujos vidros foram partidos pela polícia, até porque os objetos para partir vidros foram deliberadamente removidos do veículo, relata o jornal italiano La Reppublica.

A pronta resposta das autoridades deveu-se a um rapaz de 13 anos, Ramy Shehata, que escondeu o seu telemóvel do motorista, que confiscou os dos outros estudantes, e avisou o pai. “Ele é o nosso herói”, disse um colega de turma, citado pela BBC.

A agência noticiosa italiana Ansa relata que Ramy, descendente de egípcios mas nascido em Itália em 2005, fez o telefonema enquanto fingia rezar em árabe, estando, na verdade, a alertar o pai. “O meu filho cumpriu o seu dever, seria bom que agora pudesse obter cidadania italiana. Gostávamos de ficar neste país. Quando o encontrei, abracei-o fortemente”, afirmou o pai.

Um professor que estava no autocarro contou que o homem estava zangado com a política de imigração italiana. Testemunhas afirmam que o homem gritou “parem com as mortes no Mediterrâneo”.

O autocarro estava ocupado por duas turmas de adolescentes – acompanhados por adultos – que saíram de uma escola em Vailati di Crema com destino a um ginásio. O motorista terá saído da rota definida e começado a dirigir o autocarro, aparentemente, para o aeroporto de Linate, em Milão. O autocarro foi sequestrado durante 40 minutos e embateu em vários carros da polícia antes de começar a reduzir a velocidade, mas acabou por arder completamente.

“Ele fez-nos subir e depois trancou-nos”, disse à Tiziana Magarini, a supervisora que acompanhou as crianças com dois professores e que tinha a ideia de Ousseynou Sy ser “alguém muito bem-educado, normal”. “As crianças estavam a bater nas janelas, a pedir ajuda”, disse Roberto Manucci, um dos primeiros a chegar ao local.

O Ministério Público de Milão está a investigar a motivação do homem e não descarta a hipótese de terrorismo. “Foi um milagre, poderia ter sido um massacre”, disse Francesco Greco, do Ministério Público italiano.

Porém, o motorista já veio dizer que o ataque foi uma “decisão pessoal”. “Não podia mais ver crianças serem desmembradas por tubarões no mar Mediterrâneo e mulheres grávidas a morrer”, terá dito às autoridades.

Ousseynou Sy vai agora ser julgado por suspeita de sequestro, tentativa de massacre, incendimento criminoso e por resistência às autoridades. O Ministério Público afirmou que também iria acusá-lo de terrorismo, agravando a situação do italiano de origem senegalesa.

A Ansa informou que Sy, que se tornou cidadão italiano em 2004, tinha sido condenado em 2007 e 2011 por conduzir embriagado e por molestar sexualmente um menor. A Sky TG24 disse que o motorista trabalhava para a empresa de autocarros há 15 anos.

ZAP //

 

2 Comments

  1. a culpa das imigrações a partir de países africanos é exactamente dos próprios países africanos que não controlam a natalidade. em africa nascem muitos e depois quando chegam á idade adulta não tem emprego e imigram para a europa. o mesmo acontece na america do sul.

    • Pior ainda, as promessas dos ditadores e “libertadores” comunas saíram todas frustradas, daí mais uma razão para que milhares deles arrisquem a vida a atravessar o Mediterrâneo e acabe muitas vezes em catástrofe e mais um risco para a segurança na Europa ao absorver tanta gente muitos deles de culturas e credos totalmente diferentes de nós onde não se integram e acabam na marginalidade.

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