Novas evidências experimentais recolhidas por cientistas do Instituto de Tecnologia da Califórnia, nos EUA, sugerem que o cérebro humano é capaz de responder ao campo magnético da Terra, embora num nível inconsciente.
Ainda não é claro se a aparente capacidade de algumas pessoas sentirem o campo magnético do nosso planeta é, de alguma forma, útil – o mais provável é que seja apenas um vestígio do nosso passado mais primitivo.
Apesar desta dúvida, os cientistas deverão continuar a investigar para determinar se a magnetorecepção contribui de alguma forma para o comportamento ou para as capacidades dos humanos, como a orientação espacial.
Aves migratórias, tartarugas marinhas e alguns tipos de bactérias são algumas das espécies capazes de sentir o campo magnético da Terra, usando-o como uma espécie de sistema de navegação integrado. No caso dos humanos, foi em 1980 que foi sugerido pela primeira vez uma possível capacidade de deteção. Contudo, estudos posteriores não encontraram evidências deste fenómeno no Homem.
Agora, e recorrendo a novas técnicas de análises de dados, uma equipa internacional de cientistas, que contou com um biólogo geofísico, um neuro-cientista cognitivo e um neuro-engenheiro, decidiu voltar a analisar a questão.
De acordo com os cientistas, os resultados mistos das investigações anteriores podem estar relacionados com o facto de quase todos os procedimentos dependerem de decisões comportamentais dos seus participantes. Se os humanos possuem um sentido magnético, a experiência diária sugere que este seria muito fraco ou profundamente subconsciente.
Noutras palavras: estas impressões fracas podem ser facilmente mal interpretadas ou até simplesmente perdidas, nota a nova investigação, cujos resultados foram esta semana publicados na revista especializada eNeuro.
Procedimento científico e resultados
A Terra é cercada por um campo magnético gerado pelo movimento do núcleo líquido do nosso planeta. Na superfície, este campo é bastante fraco, cerca de 100 vezes mais fraco do que ode um íman comum de frigorífico.
Para estudar se os humanos são capazes de o sentir, a equipa convidou 34 adultos a sentarem-se numa câmara escura envolta em bobinas através quais passavam correntes elétricas, alterando o campo magnético na sala – sempre com a mesma intensidade do que a que rodeia o nosso planeta. Os participantes foram orientados a relaxar e fechar os olhos enquanto os cientistas manipulavam o campo à sua volta.
Durante o procedimento, máquinas utilizadas em eletroencefalogramas (EEG) mediram um tipo de onda cerebral (apelidada de onda alfa) nos participantes, que diminui de amplitude quando o cérebro capta um sinal, seja este visual, sonoro ou magnético.
Dos 34 participantes, quatro indivíduos mostraram nas monitorizações cerebrais fortes reações a uma determinada mudança no campo magnético. Contudo, estes quatro indivíduos não perceberam o campo magnético de forma consciente. Para toda a amostra, a participação no estudo foi totalmente serena, como se nada tivesse acontecido. Durante a hora em que estiveram sentados e parados numa sala escura hora, nada sentiram.
Nos quatro indivíduos acima mencionados, o cérebro respondeu fortemente a uma mudança numa determinada direção – de nordeste para noroeste. De acordo com os cientistas, as suas ondas alfa diminuíram de amplitude até 60%. Esta mudança seria a mesma que sentira uma pessoa fora da câmara deslocando a rapidamente a sua cabeça da esquerda para a direita.
“Não esperávamos uma resposta assimétrica”, disse Connie Wang, autora principal do estudo, em declarações ao Live Science. Embora não seja claro por que motivo aconteceu, os cientistas sugerem que pode ser algo único para os indivíduos, assim como algumas pessoas são destras e outras canhotas.
Para garantir que os resultados não fossem uma casualidade, os participantes foram testados novamente várias semanas depois, e os resultados foram os mesmos.
Perguntas por responder
O facto de a maioria das pessoas não ser capaz de sentir o campo magnético da Terra não é necessariamente um problema. Da mesma forma que algumas pessoas são boas em artes e outras em matemática, os organismos não têm que se comportar ou reagir da mesma forma.
Ainda não é claro por que alguns humanos parecem ter habilidades de magnetorecepção, mas, teoricamente, esta capacidade poderia ajudar na orientação, ou ser um remanescente de uma capacidade que evoluiu cedo na história humana para ajudar os caçadores-coletores a navegar.
Ficam ainda muitas questões sobre este tema por responder. Aliás, até ao momento, os cientistas só descobriram como este fenómeno funciona exatamente num tipo de criatura, a chamada bactéria magnetotática. Estes micróbios migram ao longo das linhas do campo magnético terrestre usando partículas nos seus cérebros, as magnetita (Fe3O4).
Sabe-se, já décadas, que estas partículas existem no cérebro humano – foram descobertas por Joseph Kirschvink, um dos cientistas envolvidos neste estudo. Para perceber se estes micróbios ajudam ou não os humanos a sentir o campo magnético da Terra, serão necessárias mais investigações.
ZAP // HypeScience
Acredito que essas quatro pessoas não foram despertadas conscientemente devido as tecnologias fazerem esse tipo (sedentárias) para usar essa habilidade.
Imaginem a quantidade de atletas que poderiam ser habilidosos, mas o sedentarismo junto com as tecnologias não os deixam fazerem uma prática esportiva
Entretanto, existem laboratórios em terrenos mais isolados, o que talvez seja suficientemente vantajoso para sua funcionalidade e observação cientifica, como o área 51.
Moisés Rosenstiel Concordo, as tecnologias e as paredes de nossas residências, das quais estamos rodeados, não permitem, só atrapalham. É como se fosse uma bússola perto de metais, ela se atrapalha