O comissário europeu Pierre Moscovici entende que o Parlamento britânico tem esta quarta-feira a última oportunidade para conseguir um acordo que garante uma “saída suave” do Reino Unido da União Europeia.
Moscovici disse à estação de televisão francesa France-2 que a UE “fez tudo” o que podia fazer para garantir a retirada do país do bloco europeu. “O comboio já passou duas vezes”, disse o comissário europeu, sublinhando que a União não vai renegociar o acordo antes do dia 29 de março, a data fixada para a saída do Reino Unido.
A Câmara dos Comuns vota às 19h a opção de saída do bloco europeu sem qualquer tipo de pacto, depois de os deputados terem rejeitado na terça-feira, pela segunda vez, o acordo do Brexit negociado durante quase dois anos pelo Governo britânico de Theresa May e Bruxelas.
Moscovici sublinha que a votação aumenta as hipóteses de uma saída “desordenada e brutal” e compara a situação a “um penhasco”, mas admite um eventual adiamento caso o Reino Unido apresente uma justificação.
Também esta quarta-feira, o primeiro vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, sublinhou perante o Parlamento Europeu, em Estrasburgo, que a solução para o ‘Brexit’ “tem de vir de Londres”.
“Hoje estamos nas mãos do sistema político britânico. Eles devem dizer-nos que direção querem seguir a partir de agora”, declarou Timmermans, num debate sobre o processo. O holandês lamentou que, “apesar das clarificações suplementares que foram dadas e apesar dos esforços tremendos de Michel Barnier (negociador-chefe da UE) e de Jean-Claude Juncker (presidente da Comissão) para ajudar Theresa May a clarificar as questões”, o acordo tenha voltado a ser rejeitado.
No caso do país vir a sair da União sem acordo, a 29 de março, o Reino Unido afasta a aplicação de taxas sobre a maioria das importações, assim como tributações sobre produtos irlandeses que entrem na Irlanda do Norte.
Perante a incerteza sobre a forma como se poderá concretizar a saída do Reino Unido, o executivo deu a conhecer esta quarta-feira “medidas temporárias” que implicam “uma modesta liberalização” do regime de tarifas, sendo que 87% das importações não vão ficar sujeitas a taxas.
// Lusa