A TAP apagou todas as referências que tinha no seu site ao destino Caracas, para onde a companhia opera duas vezes por semana.
A notícia, avançada pelo jornal Público, aparece um dia depois de ter sido noticiado que a companhia aérea portuguesa tinha cancelado o voo desta quarta-feira para a capital da Venezuela por questões de segurança, mas mantinha na sua página oficial na Internet referências positivas ao destino, ignorando o clima de violência e caos que se vive na cidade sul-americana.
Onde na segunda-feira a TAP promovia as viagens para Caracas como um “destino perfeito para os turistas citadinos que preferem o ritmo urbano e também para os aventureiros que optam pelo lado selvagem”, nesta terça-feira aparece uma página em branco. Todos os textos foram apagados.
“Próxima de boas praias, a capital da Venezuela tem muita da cultura venezuelana nas ruas, nos trajes, nos hábitos. Sabana Grande é a artéria principal e os bairros de Las Mercedes e Altamira estão próximos da restauração e vida noturna”, dizia ainda a companhia no seu site.
Acontece que alguns destes locais são palcos principais da violência e caos que há meses se vive na cidade e que se têm vindo a acentuar nos últimos tempos.
Estas informações positivas sobre a vida na capital venezuelana, contrariavam as recomendações que são feitas no Portal das Comunidades Portuguesas do Ministério dos Negócios Estrangeiros. “As condições de segurança por toda a Venezuela permanecem precárias, com elevada taxa de criminalidade e delinquência, em particular nas grandes cidades, principalmente em Caracas, incluindo o Aeroporto Internacional de Maiquetía”, é escrito no portal.
Em Caracas e várias cidades da Venezuela “continuam a ocorrer protestos frequentes, que são suscetíveis de resultar em confrontos entre participantes e forças policiais”. Caracas é ainda “a cidade com maior índice de insegurança, com considerável incidência de crimes violentos”.
A Venezuela está mergulhada numa profunda crise política, económica e humanitária, num ambiente que muitos veem como de pré-guerra civil. Juan Gaidó declarou o Presidente Nicolás Maduro “usurpador” e proclamou-se “Presidente interino”, tendo sido reconhecido como tal pela União Europeia, pelos Estados Unidos e vários países da região.
Há meses que há falta de alimentos, medicamentos e outros bens essenciais na Venezuela. O Governo Regional da Madeira estima que sete mil cidadãos emigrantes portugueses ou luso-descendentes tenham trocado a Venezuela pelo arquipélago nos últimos meses.
Além de ter cancelado o voo desta terça-feira para Caracas, a TAP pondera ainda se realiza o voo do próximo sábado. Os voos da TAP para Caracas estão a ser operados pela Euroatlantic – as tripulações não são da TAP. Essas tripulações pernoitam na capital da Venezuela depois dos voos Lisboa-Caracas.