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Ser uma pessoa noturna pode mesmo prejudicar a saúde mental

“Deitar cedo e cedo erguer, dá saúde e faz crescer”. Este ditado popular é conhecido e, de acordo com um novo estudo, pode mesmo ser verdade.

Pessoas que acordam cedo naturalmente experienciam um bem estar geral e uma melhor saúde mental do que as pessoas que ficam acordadas durante a noite, segundo o estudo publicado na revista Nature Communications.

Porém, a tendência para dormir e acordar a uma determinada hora é muito influenciada pelos genes – e pode não haver muito a fazer para mudar isso.

Investigadores identificaram 351 regiões do genoma humano que se associam à tendência para ser uma pessoa diurna, das quais apenas 24 eram conhecidas anteriormente. As pessoas no estudo com mais variantes genéticas associadas com o “acordar cedo” tendiam a ir dormir mais de meia hora mais cedo do que outras com menos destas variantes.

O estudo descobriu que essas regiões genómicas estavam ligadas ao relógio circadiano do corpo e à retina, apoiando a teoria de que a capacidade do cérebro de detetar a luz através da retina configura o relógio do corpo num ciclo de 24 horas de sono e vigília.

“Parte da razão pela qual algumas pessoas gostam de acordar cedo, enquanto outras são pessoas noturnas, é por causa das diferenças na maneira como os nossos cérebros reagem aos sinais luminosos externos e ao funcionamento normal dos nossos relógios internos”, disse Samuel Jones, da Universidade de Exeter Medical School, no Reino Unido.

O estudo utilizou dados genómicos de cerca de 700 mil participantes de um projeto de saúde sem fins lucrativos baseado no Reino Unido chamado de BioMad e a empresa privada de análise de genoma sediada nos EUA 23andMe. Os participantes do 23andMe foram questionados se eram uma “pessoa diurna”, “pessoa noturna” ou “intermédio”.

Como a resposta poderia ser subjetiva, os investigadores validaram as suas descobertas com informações de monitorizadores de atividade de pulseiras usados por mais de 85 mil pessoas no projeto Biobank do Reino Unido, que revelaram sem preconceitos quando foram dormir e acordar.

Os investigadores descobriram diferenças no tempo de sono, mas não na qualidade do sono. Eles também não encontraram aumento do risco de obesidade e diabetes entre as pessoas noturnas, ao contrário de alguns estudos anteriores. Mas descobriram uma ligação causal aparente entre ser uma pessoa noturna e ser uma pessoa mais propensa a depressão, ansiedade e esquizofrenia.

Isto é, através da sua análise estatística, os cientistas mostraram que, quanto mais noturna uma pessoa é, conforme definido pela sua genética, maior o risco de esquizofrenia e menor o bem-estar. Isto não dependeu de fatores como a má qualidade do sono ou a falta de sono.

A razão para a ligação entre o tempo de sono e a pior saúde mental permanece desconhecida, mas talvez seja devido a uma combinação de fatores, disse a autora do estudo, Jacqueline Lane, do Centro Hospitalar Geral de Medicina Genómica de Massachusetts.

Esses fatores podem incluir proteções desconhecidas oferecidas pelos genes às pessoas diurnas, a estimulação física da luz matinal, ou as vantagens sociais de se sentir acordado pela manhã e a meio do dia numa cultura dominada por um ciclo de trabalho das 9h00 às 17h00.

Porém, uma pessoa noturna não está totalmente cheia de azar. Segundo Nancy Rothstein, consultora de sono com foco na produtividade empresarial, é possível preparar-se melhor para o sono ao não consumir cafeína à tarde e ao desligar todas as tecnologias uma hora antes de ir para a cama.

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