A disponibilidade do Tesouro em resgatar o setor é uma das possíveis explicações para a concessão de crédito de alto risco a empresas por parte dos bancos portugueses.
O Estado português assumiu custos de mais de 17 mil milhões de euros em dez anos para salvar bancos. Um estudo, divulgado esta semana pelo Banco Central Europeu, conclui que a disponibilidade do Estado para ajudar a banca pode explicar a concessão de créditos de alto risco.
O relatório, intitulado “Quando as perdas se tornam em empréstimos”, indica que “o esperado resgate pelo governo português pode ter dado aos bancos o incentivo de jogarem com a sobrevivência de empresas em dificuldades”.
O estudo nota que os bancos não refletiam de forma total nos seus balanços as perdas que estavam a sofrer com empréstimos em incumprimento por parte das empresas. Em vez de reconhecerem esses prejuízos, aumentaram a parada. Num contexto de corte de crédito privilegiaram as empresas em dificuldades em vez de canalizarem os empréstimos para empresas mais saudáveis.
“Demonstramos que os bancos afetados pelos novos requisitos responderam com uma redução do montante geral de crédito mas, mais importante, também pela canalização de mais crédito a empresas com problemas financeiros e em que as perdas de crédito não estavam totalmente refletidas nos balanços”, indica o estudo assinado por Luísa Farinha (do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal), Francisco Rebelo (do Boston College) e Laura Blattner (da Universidade de Stanford).
Essa estratégia pode ser explicada, de acordo com o Diário de Notícias, como uma forma de adiar o reconhecimento de perdas adicionais que iram comer mais capital ao banco. isto é, cortar crédito a uma empresa que estivesse a incumprir e em que o banco não tinha reconhecido essas perdas criava “o risco de pressionar essa empresa para a insolvência”. Caso isso acontecesse os bancos teriam de realizar “perdas pesadas”.
Empresas produtivas foram prejudicadas
O estudo conclui que a ajuda prometida pelo Estado à banca foi um incentivo a esse tipo de atuação. “Os bancos afetados anteciparam que desde que fizessem uma tentativa credível de cumprir com os requisitos da EBA, o governo português entraria com o capital em falta.” Já do ponto de vista dos acionistas, “o resgate era efetivamente uma forma do governo garantir que iria cobrir qualquer perda em junho de 2012”, dizem os economistas.
“Da perspetiva dos acionistas, as empresas em dificuldades ou iriam recuperar, permitindo-lhes resolver o problema sem a ajuda do governo, ou iriam falir mas as perdas resultantes seriam custeadas pelo governo.”
Foi isso que aconteceu. Do resgate de 78 mil milhões de euros feitos pela troika, 12 mil milhões ficaram reservados para injetar na banca. Em 2012, o Estado emprestou seis mil milhões ao setor. O BCP e o BPI devolveram essas ajudas ao Tesouro, com juros. No Banif e na Caixa Geral de Depósitos houve perdas nesses empréstimos.
A decisão dos bancos afetou a produtividade na economia portuguesa, conclui o estudo. Num contexto de menos crédito e de prioridade a empresas zombies, pouco restava para financiar entidades que contribuíssem mais para a economia.
Vergonhoso….É hora de questionar qual o papel que (não) teve o BdP e o Sr. Carlos Costa. Afinal, temos ou não temos um “Regulador”? Parece que não…..
Isto é extraordinário!
As conclusões são claras. Nem sequer valia a pena a entidade bancária fazer um esforço de recuperação porque, de qualquer forma, o Estado estava lá para o que fosse preciso.
Mas o mais chocante são os volumosos empréstimos a grandes interesses e empresas sem garantias sólidas e sem critério de defesa do interesse público.
Apesar dos empréstimos ruinosos, políticos e gestores acabaram premiados com chorudos bónus. E alguns até foram condecorados. E estamos em Portugal, um país da UE, numa democracia consolidada, não numa qualquer república das bananas…
Como habitualmente neste país c/ governantes de meia tijela (medíocres p/ não dizer MT MAUS) quem fica penalizado é quem é honesto e trabalhador… com acho que vamos todos deixar de trabalhar e vamos todos ROUBAR…
em certos paises, estavam todos presos e com certeza à espera de algo pior.
depois mandavam a conta à familia para ela pagar o gasto com o “chip”
aqui ate se premeia um mau gestor em vez de premiar o bom gestor