O patriarca ecuménico de Constantinopla, Bartolomeu I, entregou em Istambul, na Turquia, ao primaz da nova Igreja Ortodoxa da Ucrânia o decreto que confirma a criação de uma Igreja independente da Rússia.
A cerimónia que conclui o processo de reconhecimento desta Igreja pelo patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I, teve lugar durante a missa da Epifânia, na igreja ortodoxa de São Jorge de Istambul, capital espiritual do cristianismo ortodoxo desde o Império Bizantino, na presença do Presidente ucraniano, Petro Porochenko.
Este decreto, denominado “tomos”, foi assinado no sábado pelo patriarca Bartolomeu e o primaz Epifânio, eleito em dezembro para dirigir a nova Igreja, e abre a via ao reconhecimento desta Igreja por outras confissões cristãs.
Em outubro de 2018, o patriarca de Constantinopla tomou a decisão histórica de reconhecer uma Igreja ortodoxa independente na Ucrânia. A decisão provocou a cólera da Igreja russa que denunciou um “cisma” e rompeu laços com Constantinopla.
Com base em Istambul, o patriarca de Constantinopla é considerado como “o primeiro entre os seus iguais” e exerce uma primazia histórica e espiritual sobre os outros patriarcas do mundo ortodoxo.
Um concílio reunido em Kiev acordou em dezembro de 2018 a criação desta nova Igreja ortodoxa, pondo fim a 332 anos de tutela religiosa russa sobre a Ucrânia, e elegeu para a dirigir o primaz Epifânio, de 39 anos.
A Igreja Ortodoxa da Ucrânia estava vinculada à da Rússia desde 1686 e a hierarquia ortodoxa de Moscovo sempre se opôs ferreamente às tentativas de separação de Kiev.
Epifânio recusou as acusações de que a concessão de autonomia se deva a motivos políticos e afirmou que a Ucrânia “caminhava nesta direção nos últimos 30 anos“.
No entanto, a procura da independência intensificou-se depois da anexação pela Rússia da península ucraniana da Crimeia e do apoio de Moscovo a milícias separatistas no leste da Ucrânia.
O Presidente ucraniano tinha afirmado anteriormente que a “autonomia é um acontecimento de uma importância similar à da aspiração de entrar na União Europeia e na Nato”, enquanto os críticos o acusaram de fomentar o cisma com fins eleitorais devido a uma descida da popularidade e à proximidade das eleições presidenciais.
ZAP // Lusa