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As mulheres anglo-saxónicas já enfrentavam o sexismo (e a prova está nos seus túmulos)

Keith Parfitt / ANU

Um dos sepultamentos analisados, encontrado no cemitério de Kent

As mulheres da Inglaterra anglo-saxónica, que remonta ao século V, enfrentaram o mesmo problema que muitas mulheres enfrentam hoje em dia: o sexismo relacionado com a sua idade e beleza, concluiu uma equipa de arqueólogos 

A pesquisa, levada a cabo por Christine Cave, da Escola de Arqueologia e Antropologia da Universidade Nacional Australiana, evidenciou que, à luz da época, as mulheres eram essencialmente valorizadas pela sua juventude e aparência, atingindo o pico do seu estatuto social por volta dos 30 anos.

Para chegar a esta conclusão, a equipa analisou cerca de 350 túmulos distribuídos por três cemitérios datados de há 450 e 650 d.C.

Os resultados da análise destes sepultamentos demonstraram que os itens com que os cadáveres eram enterrados – que tipicamente representam o estatuto social do indivíduo -, aumentaram para as mulheres até aos 30 anos. A partir desta idade, notaram os cientistas, o número de objetos começava a diminuir. Ou seja, quanto mais velha fosse a mulher, menor número de adereços tinha o seu sepultamento.

Em sentido oposto, nos túmulos analisados do sexo masculino os itens pessoais iam aumentando muito além dos 60 anos.

“As sepulturas onde mulheres estão enterradas têm objetos que destacam a beleza, como jóias, contas, broches e itens desse tipo”, explicou Cave, citada em comunicado divulgado esta sexta-feira pela Universidade Nacional Australiana.

Face aos resultados, a antropologista mostrou-se surpreendida pelo facto de as mulheres anglo-saxónicas enfrentarem os mesmos problemas que as mulheres de hoje em dia. “De certa forma, as coisas não são assim tão diferentes nos dias que correm”, atirou.

“Olhando para a indústria cinematográfica, tem havido estudos que mostram que uma atriz atinge o seu pico de notoriedade quando chega aos 30 anos, enquanto que para os homens [este indicador] continua a crescer além dos 60 anos”, exemplificou.

A investigação foi sendo publicada durante o ano passado em várias revistas científicas, como é o caso Journal of Anthropological Archaeology, como parte da tese de doutoramento este ano apresentada pela cientista.

SA, ZAP //

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