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Estar de luto pode matar (e cientistas explicam porquê)

O efeito de viuvez aumenta as possibilidade de morte, principalmente em casais idosos. Agora, cientistas descobriram porque é que os corações partidos podem ser um perigo mortal.

Uma equipa liderada pelo investigador de psiconeuroimunologia Chris Fagundes, da Universidade Rice, examinou 99 pessoas que tinham ficado de luto recentemente – perderam os cônjuges, em média, menos de três meses antes.

Um estudo recente de Fagundes mostrou que viúvas e viúvos têm maior probabilidade de exibir fatores de risco ligados a doenças cardiovasculares e morte. Por isto, a equipa queria examinar mais profundamente os culpados: marcadores de inflamação.

“Estudos anteriores mostraram que a inflamação contribui para quase todas as doenças na idade adulta mais avançada”, diz Fagundes. “Também sabemos que a depressão está ligada a níveis mais altos de inflamação, e aqueles que perdem um cônjuge têm um risco consideravelmente maior de depressão grave, ataque cardíaco, acidente vascular cerebral e mortalidade prematura”.

No novo estudo, que vai ser publicado em fevereiro de 2019 na revista Psychoneuroendocrinology, os investigadores conduziram entrevistas com cada um dos participantes, classificando o nível de sofrimento que mostraram. A equipa também recolher amostras de sangue para examinar se níveis elevados de sintomas depressivos no luto correspondem a níveis mais altos de inflamação.

Na análise, os investigadores descobriram que indivíduos em luto com maior gravidade exibiam níveis mais altos de várias proteínas pró-inflamatórias chamadas citocinas. Estas proteínas sinalizadoras – especificamente as citocinas IFN-γ, IL-6 e TNF-α – observaram que as viúvas e viúvos que apresentavam sintomas elevados de luto experimentavam níveis até 17% mais altos de inflamação.

Os participantes do primeiro terço deste grupo exibiram um nível 53,4% maior de inflamação do que o terço inferior do grupo que não apresentou sintomas severos de luto.

Enquanto as descobertas anteriores já tinham dito que as citocinas pró-inflamatórias eram mais altas naqueles que ficaram de luto recentemente, o novo trabalho dá uma compreensão mais clara das associações e do que podem significar.

“Este é o primeiro estudo a demonstrar que os marcadores inflamatórios podem distinguir aqueles que são viúvos com base na gravidade do luto, de modo que aqueles que são mais graves têm níveis mais elevados de inflamação em comparação com aqueles que são mais baixos na severidade do luto”, escrevem os autores.

Embora seja cedo, estas ligações entre a gravidade do luto, os marcadores pró-inflamatórios e a doença cardíaca estão a começar a formar um quadro que poderia ajudar os investigadores a desenvolver ferramentas e tratamentos potenciais para identificar e ajudar aqueles que correm maior risco com o custo físico do luto.

Estas descobertas mostram que as pessoas que sofrem a dor de perder os ente queridos não estão apenas a passar por dificuldades emocionais. A perda é tão severa que afeta de forma mensurável a própria saúde.

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