Uma equipa de astrónomos descobriu um raro fóssil cósmico ao identificar uma nuvem de gás que ficou órfã logo após o Big Bang através do telescópio ótico do Observatório W. M. Keck, localizado na cidade havaiana de Maunakea.
A investigação, publicada na passada semana na revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society foi levada a cabo por uma equipa de cientistas da Universidade de Tecnologia de Swinburne, na Austrália e oferece novas pistas sobre a formação das primeiras galáxias do Universo.
“Para qualquer que olhemos, o gás do Universo é contaminado pelo desperdício de elementos pesados oriundos da explosão de estrelas. Mas esta nuvem em particular parece pura, não contaminada por estrelas, mesmo depois de 15 mil milhões anos após o Big Bang”, explicou o investigador Fred Robert citado em comunicado.
Tal como mostra a imagem simulada acima apresentada sobre as galáxias e o gás existente no Universo, dentro dos filamentos de gás (representados na imagem a azul), que conectam as galáxias (representadas a laranja), há espaço raros de gás puro. Estes “bolsos” inalterados são vestígios dos Big Bang que, de alguma forma, ficram órfãos das explosivas e poluentes mortes estelares, representadas na imagem como ondas circulares de choque à volta de alguns pontos laranja.
Robert, estudante de doutoramento, liderou a investigação, contando com a colaboração do professor Michael Murphy, também da Universidade de de Tecnologia de Swinburne.
Para a descoberta deste fóssil galático, Robert e a sua equipa recorreram a dois instrumentos do Observatório, o Echrette Spectrograph and Imager (ESI) e o Echelle Spectrometer (HIRES) de alta resolução, de forma a conseguir observar o espectro de um quasar atrás da nuvem de gás.
O quasar, que emite uma luz brilhante de material ao cair num buraco negro supermassivo, fornece uma fonte de luz contra a qual as sombras espectrais do hidrogénio podem ser vistas na nuvem de gás.
“Direcionamos a nossa pesquisa para os quasares onde investigadores anteriores só tinham encontrado sombras de hidrogénio e não de elementos pesados em espetros de menor qualidade”, sustentou Robert. E foi a partir destes quasares que permitiram à equipa “descobrir rapidamente um fóssil tão raro recorrendo ao tempo precioso dos dois telescópios ‘gémeos’ do Observatório Keck”.
Até então, só foram descobertas duas outras nuvens fósseis, ambas descobertas em 2011 pela professora Michele Fumagalli da Universidade de Durham, no Reino Unido, por John O’Meara, antigo professor do College of St. Michael, nos EUA, que agora ocupada o cargo de cientista-chefe do Observatório Keck, e pelo professor J. Xavier Prochaska, da Universidade da Califórnia, na cidade norte-americana de Santa Cruz. Fumagalli e O’Meara são também co-autores da nova pesquisa sobre a terceira nuvem fóssil.
“Os dois primeiros [fósseis] foram descobertas fortuitas, pensamos que fossem a ponta do icebergue, mas ninguém descobriu algo semelhante – são claramente muito difíceis de observar. É fantástico finalmente descobrir um sistematicamente”, considerou.
“Agora é possível fazer um levantamento destas relíquias fósseis do Big Bang. [A descoberta] irá dizer-nos exatamente quão raros são, ajudando-nos a perceber por que motivo algumas nuvens de gás formam estrelas e galáxias e outras não”, rematou.
Segundo a teoria, o Big Bang ocorreu há 14 mil milhões de anos e não há 1,5 mil milhões, como é referido no artigo.
Caro António Gonçalves,
Obrigada pelo reparo. Está corrigido.
Os humanos de facto são algo do outro mundo, o big bang nunca existiu, mas constatam coisas….
Aconteceu sim radiação cósmica do fundo e um fóssil resto do Big Bang