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Descoberta a origem dos misteriosos sulcos da “Estrela da Morte” de Marte

Sulcos de Fobos, uma das luas do Planeta Vermelho

Os estranhos sulcos na superfícies de Fobos – uma das luas de Marte – foram gravados por pedras gigantes e arredondadas, lançadas da superfície marciana depois da queda de um enorme asteróide.

“Estes sulcos são uma característica distintiva de Fobos e a forma como foram formados tem sido assunto de debate para os cientistas planetários durante 40 anos”, disse o investigador Ken Ramsley da Universidade Brown, nos Estados Unidos.

Para Ramsley, que liderou o estudo publicado na passada semana na revista científica Planetary and Space Science, esta investigação é mais um passo para finalmente encontrar a justificação para estas “fissuras”.

À volta do Planeta Vermelho giram dois satélites, Fobos e Deimos, que possuem forma assimétrica e um diâmetro de 22 e 12 quilómetros, respetivamente. Muitos cientistas acreditam que estes satélites sejam asteroides atraídos pela gravidade de Marte.

Fobos está a aproximar-se do planeta e será destruído daqui a 20-40 milhões de anos, enquanto Deimos, em sentido oposto, está a afastar-se de Marte – fenómeno que não tem ainda qualquer explicação. Recentemente, uma equipa de cientistas abordou a possibilidade de Marte ter tido três luas no passado, uma das quais teria caído na superfície do planeta, cobrindo os dois outros satélites com estilhaços.

Ken Ramsley e o seu colega James Head tentam já há muitas décadas perceber como é que surgiram estes sulcos na superfície de Fobos, que são paralelos e cercam todo o satélite, de acordo com a publicação. Fobos nunca teve atmosfera ou água e, por isso, estas “fissuras” não podem ter surgido pelo movimento dos rios ou da erosão.

Há mais de 40 anos, Head supôs que os sulcos poderia ter sido gravados por um asteróide ou por fragmentos de rochas, que teriam sido catapultados da superfície de Fobos durante a formação da cratera Stickney – cratera esta que é a maior estrutura na superfície do satélite, tornando Fobos semelhante com a “Estrela da Morte” da “Guerra nas Estrelas”.

Contudo, a ideia não satisfez todos os paleontólogos, visto que as fissuras vizinhas à cratera não são díspares, mas antes paralelas – o que não é habitual nos vestígios que resultam de colisões de asteróides.

Além disso, uma parte destes sulcos está sobreposta, passando até pelo interior da cratera Stickney, enquanto outros acabam por se entrelaçar. Por tudo isto, os cientistas achavam mais plausível que os sulcos tivessem sido gravados por estilhaços.

Para responder a todas estas dúvidas, Ken Ramsley e James Head criaram um modelo numérico de Fobos que simula a colisão com um enorme asteróide. Com esta ferramenta, e mudando o tamanho, a massa, a densidade e o ângulo da queda do asteróide, os cientistas procuraram perceber se estes sulcos poderiam surgir.

Os resultados demonstraram que as fissuras de Fobos podem ter aparecido na sequência de uma colisão com um asteróide de órbita mais alta, como a órbita em que estão agora os satélites, a uma altura de 12 mil quilómetros da superfície de Marte.

Neste cenário, a interação gravitacional entre o Planeta Vermelho e a sua lua mais próxima faz com que pedras lançadas para após colisão tracem linhas paralelas e, posteriormente, partam para o Espaço depois de atingir os cumes de Fobos.

A confirmarem-se as conclusões, as misteriosas linhas de Fobos são relativamente novas, tendo cerca de 150 milhões de anos. Segundo Head, a idade exata da cratera de Stickney validaria a sua teoria.

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