Uma recente investigação garante que se respirarmos pelo nariz, em vez de respirarmos pela boca, vamos lembrar-nos melhor dos cheiros.
A respiração afeta o cérebro. Esta é a principal conclusão do mais recente estudo, publicado dia 22 deste mês no Journal of Neuroscience. Artin Arshamian, investigador do Instituto Karolinska, na Suécia, explica que esta investigação prova que nos lembramos melhor do cheiro quando respiramos pelo nariz.
“Este é o momento em que a nossa memória está a ser consolidada – o processo que acontece entre a apreensão do cheiro e a recuperação da memória”, adiantou o investigador. “Esta é a primeira vez alguém demonstrou isto.” E porque é que esta situação só ficou provada agora? A explicação reside no facto de os animais mais utilizados em experiências nos laboratórios, os ratos, não conseguirem respirar naturalmente pela boca.
Segundo o Diário de Notícias, a equipa de cientistas reuniu um conjunto de participantes e levou-os a trabalharem com 12 odores diferentes em duas ocasiões. Durante cerca de uma hora, foi-lhes pedido para respirarem através das bocas ou dos narizes.
Quando o tempo chegou ao fim, foi-lhes dado um novo conjunto de 12 odores. desta vez, os voluntários tinham de dizer se eram cheiros novos ou os primeiros que lhes tinham sido apresentados. Os resultados desta experiência mostraram que quando os participantes respiravam pelo nariz lembravam-se melhor dos cheiros.
No entanto, os cientistas precisavam de investigar mais a fundo e de perceber o que realmente acontece no cérebro durante a respiração e de que forma isso está ligado à memória. Mas, para isso, era necessário inserir elétrodos diretamente no cérebro, algo que, até agora, era impossível.
“Conseguimos evitar esse problema e agora estamos a desenvolver um novo método melhor de medir a atividade no bulbo olfatório [duas zonas do cérebro que estão situadas por baixo da parte anterior de cada um dos hemisférios cerebrais] e no cérebro sem ter de inserir elétrodos”, adiantou Arshamian.
Algumas investigações anteriores tinham já mostrado que os recetores no bulbo olfatório detetam cheiros e também variações no fluxo de ar. Durante a inalação e a exalação, diferentes partes do cérebro são ativadas. Contudo, como acontece a sincronização da respiração e da atividade cerebral e como isso afeta o cérebro ainda não é conhecido.
Apesar de a ideia de que respirar afeta o nosso comportamento não ser nova, agora “temos ferramentas que podem acrescentar novos conhecimentos clínicos”, concluiu o investigador.