Os bancos emprestaram, em média, 47 milhões por dia desde janeiro. Os créditos concedidos para compra de casa e bens de consumo continuam a subir.
Só no mês de junho, foram emprestados mil milhões para crédito à habitação e 631 milhões para consumo, avança esta sexta-feira o jornal Público.
Estes números refletem uma subida acentuada no dinheiro concedido a particulares, precisamente no mês anterior à aplicação de regras mais apertadas pelo Banco de Portugal (BdP) no sentido de travar e evitar o endividamento excessivo das famílias.
Os números de junho – que em relação ao crédito à habitação representam o valor mais alto desde 2010, e no crédito ao consumo, apesar de uma queda de 5,7% face a Maio, representam um crescimento de 16% em termos homólogos – fecham um semestre que foi de grande aceleração.
Segundo o diário, de janeiro a junho, o crédito à habitação e ao consumo totalizou cerca de 8500 milhões de euros, o que corresponde a um ritmo diário de 47 milhões de euros por dia. No primeiro semestre de 2017, o valor totalizou 6951 milhões de euros, 38,6 milhões de euros por dia.
De acordo com o inquérito feito pelo Banco de Portugal, no mês passado, os cinco maiores bancos do mercado português justificam este aumento da concessão de crédito com “a menor restritividade (ou maior flexibilidade) dos critérios de concessão de empréstimos às famílias para aquisição de habitação”.
Para o terceiro trimestre, mesmo com as regras um pouco mais “apertadas”, em vigor desde 1 de julho, os bancos antecipam uma nova previsão de “menor restritividade líquida dos critérios aplicados à concessão de crédito nos três segmentos (empresas, habitação e consumo)”.
Os resultados do inquérito do BdP revelam que a procura líquida de empréstimos para aquisição de habitação continuou a ser impulsionada em grande parte pelo “nível geral baixo das taxas de juro, pelas perspetivas favoráveis para o mercado da habitação e pela confiança dos consumidores”.
Por outro lado, frisa o Público, as taxas de juro continuam em níveis historicamente baixos, a revelar a prática de spreads (margem comercial) mais baixos, que é um dos indicadores de forte concorrência entre bancos.
O crédito à habitação acumulado no primeiro semestre ascendeu a 4774 milhões de euros, seguido muito de perto pelos 3688 milhões do crédito ao consumo. Dentro do crédito ao consumo, a compra de automóveis foi responsável por cerca de 1500 milhões, outro tanto foi para diferentes créditos pessoais (equipamentos, férias, consolidado e outros) e 530 milhões foi registado em crédito ordenado e autorizações de crédito nos cartões de crédito.
O crédito à habitação é o que mais preocupa o Banco de Portugal, pela sua dimensão e porque o supervisor vê sinais de sobrevalorização nas maiores cidades.