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Violência contra médicos e enfermeiros está a aumentar

A falta de médicos e enfermeiros no Serviço Nacional de Saúde é um dos fatores que pode gerar impaciência e, assim, desencadear episódios de violência contra estes profissionais de saúde.

Na edição deste sábado, o jornal Público alerta para a existência de mais de 400 casos de violência contra médicos e enfermeiros no primeiro semestre de 2018. 10% destes casos, que chegaram à Direção-Geral de Saúde, correspondem a episódios de violência física, e os restantes a pressão e assédio moral.

Ainda que representem apenas uma pequena parte da realidade, estes números indicam que o problema se está a agravar ou, pelo menos, que os profissionais de saúde se estão a queixar mais.

Depois de no ano passado se ter criado um observatório para analisar este fenómenos, os casos reportados foram crescendo de ano para ano, sendo que a partir de 2014 dispararam.

O diário revela que, desde 2016, estes dados que resultam de denúncias anónimas e voluntárias passaram a estar incluídos em bruto no sistema nacional de notificação de incidentes da DGS – o Notifica. De acordo com a chefe da Divisão de Gestão de Qualidade da DGS, os dados foram integrados no Notifica “devido à reorganização do sistema nacional de notificação de incidentes, realizada por orientação superior”.

Desta forma, os dados permitem perceber que a maior parte dos casos são de assédio moral, 68% do total nos dois primeiros trimestres deste ano, seguidos da violência verbal e física (13 e 12% do total, respetivamente). Ainda que com pouca expressão, há também casos de assédio sexual e ameaças de morte.

As vítimas são maioritariamente enfermeiros (53%), seguidos de médicos (25%) e, depois, de assistentes técnicos e operacionais. Os agressores, por sua vez, são, em mais de metade dos casos, os doentes, seguidos de profissionais da própria instituição onde a vítima trabalha e, logo a seguir, os familiares e acompanhantes dos doentes.

O diário conta o caso de um jovem médico do Centro de Saúde da Chamusca, que está de baixa atualmente, depois de ter sido agredido a murro pelo companheiro de uma paciente a quem recusou renovar a baixa médica. O médico em causa usou as redes sociais para denunciar a situação.

No entanto, a mediatização do caso enfureceu o agressor, e foi desencadeada uma nova onda de ameaças. O médico pediu transferência para o norte do país, mas o pedido foi recusado. Em alternativa, foi-lhe proposta a colocação numa Unidade de Saúde próxima da Chamusca, que o médico recusou devido à proximidade física à zona de residência do agressor.

Ao Público, o Bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, disse que o Estado deve “proteger os seus profissionais”, mas não o faz. “Isto é incompetência ou desinteresse.”

ZAP //

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