/

Miguel resgatou refugiados no Mediterrâneo. Agora, Itália acusa-o de ajuda à imigração ilegal

10

Christophe Petit Tesson / EPA

O Aquarius foi um dos navios que as autoridades italianas se recusaram a acolher

Um português a trabalhar no navio Iuventa, um dos que foram impedidos de circular em águas italianas, ajudou milhares de refugiados a chegar à Europa. Agora, é acusado pelo Ministério Público italiano de auxílio à imigração ilegal.

De acordo com o Público, Miguel Duarte, jovem português de 25 anos, já resgatou milhares de pessoas no Mediterrâneo graças ao seu trabalho a bordo do navio Iuventa, da ONG alemã Jugend Rettet.

No mês passado, o jovem, que está a completar o doutoramento em Matemática no Instituto Superior Técnico, em Lisboa, foi oficialmente notificado pelo Ministério Público italiano, informando-o de que estava a ser investigado por auxílio à imigração ilegal.

O jornal escreve que Miguel não ficou surpreendido com este aviso, até porque, há precisamente um ano, o mesmo navio onde faz voluntariado estava a ser apreendido pelo Governo italiano.

Todos os dez tripulantes do Iuventa, grupo onde se inclui este jovem português, foram notificados pelo MP italiano, assim como 12 pessoas de outras organizações acusadas do mesmo crime.

Segundo o jornal, a Jugend Rettet foi uma das várias ONG que se recusaram a assinar um código de conduta proposto por Roma que sugeria, por exemplo, que cada embarcação tivesse um polícia armado a bordo, que estivessem sempre localizáveis e que não entrassem em águas territoriais líbias.

No entanto, por considerar que este código iria dificultar o seu trabalho, a organização alemã sugeriu revê-lo e estabelecer novo diálogo com um mediador neutro, como é o caso da Organização Marítima Internacional da ONU. Resultado: a proposta foi recusada.

O procurador de Trapani, responsável pela acusação, disse, por sua vez, que a investigação não tinha ligação à não assinatura deste código mas afirmou à agência Reuters ter provas “de encontros entre traficantes, que escoltaram imigrantes ilegais até ao Iuventa, e membros da tripulação”, cita o Público.

Em declarações ao diário, Miguel refuta estas acusações. “Não temos relação alguma com traficantes líbios, não comunicámos nem tentámos comunicar com eles nem eles connosco”.

É uma acusação política, basta ver que toda a campanha eleitoral em Itália foi anti-imigração e anti-ONG de resgate. Disseram-se as maiores barbaridades para incutir medo nas pessoas. Foi a forma que a Itália arranjou de nos travar – estamos sem operar há um ano. Já muita gente terá morrido – o que seria evitável“, acrescenta.

Aliás, o jovem destaca ao jornal que todas as operações de resgate foram feitas em coordenação com o Centro de Coordenação Marítima de Roma (CCMR) e que, por isso, “não se passa nada que eles não saibam”.

O Público destaca que Miguel está a ser assistido por um advogado italiano e que a ONG “tem recolhido contribuições para um fundo legal que deverá” pagar os custos dos processos de todos os voluntários.

O país ampliou recentemente o debate sobre uma eventual “emergência racista”, sobretudo depois do ataque com ovos à atleta Daisy Osakue, e somam-se críticas à política anti-imigração levada a cabo por Matteo Salvini, ministro do Interior e vice-presidente do Governo.

ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

10 Comments

  1. Pois, vocês falam, porque não vivem em Itália.
    Salvini tem muitos defeitos, mas desmascarou a hipocrisia da Europa.
    Quando recusou o primeiro navio, foi um vê-se-te-avias de outros países europeus a negar o atraque e/ou a receber refugiados… França, Alemanha à cabeça. Enquanto foram todos parar a Itália, foi tudo porreiro…
    Foi preciso NEGOCIAR…. negociar para prestar solidariedade e acolhimento???????

    Alguém se rocorda do problema dos “retornados”, os portugueses que viviam nas ex-colónias e que tiveram de fugir para o continente para não serem chacinados, quando foi dada a independência? (processo vergnhoso de que alguns culpados ainda estão vivos, mas nunca foram sequer apontados como tal… a história se encarregará de o fazer, não escapam…)
    Esses (os retornados), ao menos, tinham documentos e nacionalidade.
    Experimentem inundar Portugal com 30 a 40 mil pessoas por ano (vistas as proporções com a Itália, onde se chegou aos 105 mil) que não têm nada, não têm educação, não têm nacionalidade, não tem documentos… nada de nada…

  2. Preferia ser negro e atacado por ovos em Itália do que degolado e queimado com agua a ferver em África do sul como branco.

    Abram os olhos liberalistas..

    • Isso também….
      Foi uma mama para a ONG’s….. e para quem “cuidou” dos refugiados em terra, com o dinheiro dos contribuintes, porque da Europa não veio nada.

  3. Já se sabe que estes navios de ONGs, que andam a encher os bolsos com esta onda migratória, não fazem mais que um serviço de táxi entre a costa africana e a europeia, em coordenação com os traficantes. Estes navios recebem os migrantes muito perto da costa africana, por vezes encontrando alguns perdidos pelo caminho, e dita a lei internacional que devem levar as pessoas recolhidas no mar até ao porto marítimo mais próximo, mas em vez disso atravessam novamente o Mediterrâneo para largá-los na costa europeia e voltarem para ir buscar mais. Chega!

  4. Se as pessoas são “todas iguais” porque é que nos países dominados por latinos e africanos é só crime fome e miséria? Porque é que o México, por exemplo, não é tão rico como os EUA? Na África e nos países sul-americanos só sabem fazer filhos para mandar para a Europa e para os EUA. Só arranjam problemas para eles e para os outros. Reproduzem-se como ratos e depois os países que tem juízo é que têm de levar com eles. Mal ganham o 1º ordenado a primeira coisa que fazem é comprar uma p…ta duma aparelhagem de 200 wates para fo…r o juízo aos vizinhos nacionais.

  5. É triste assistir a este tipo de comentários, sobretudo vindos de um povo de emigrantes. Revela uma grande falta de humanidade e uma absurda ignorância histórica…
    Assistir serenamente à matança de crianças e adultos famintos e indefesos no mar parece-me de uma barbaridade e de uma cobardia extremas…
    Temos o dever básico, como pessoas, de meter as mãos na massa, denunciar as origens destes crimes e apoiar as suas vítimas até ao limite, sem restrições.

  6. Se o estados não for independente e soberano, não é estado, não é pais. O estado é para defender seus cidadãos em primeiro lugar, não não for assim, estado para quê? Varios paises que não conseguiram cumprir seus compromissos politicos estão empurrando sua população para outro lugar. Isso não é certo.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.