O jornal estatal China Daily informou na noite de sexta-feira que vários bombardeiros realizaram exercícios de descolagem e aterragem num aeródromo construído nas Ilhas Paracel, no Mar da China Meridional, que são alvo de disputa entre vários países da região.
Entre as aeronaves estão o modelo H-6K, capaz de lançar ataques nucleares de longo alcance. Segundo o jornal, esta é a primeira vez que tal força é deslocada para a região.
Um comunicado do Ministério da Defesa não especificou em que ilha exatamente ocorreu o exercício e limitou-se a apontar que ocorreu numa “área marítima do sul“.
O ministério também disse que vários H-6Ks realizaram ataques simulados contra alvos marítimos durante o exercício.
Wang Mingliang, um especialista militar, foi citado no comunicado dizendo que o exercício no Mar da China Meridional ajudará a força aérea chinesa a “fortalecer a sua capacidade de combate para lidar com ameaças à segurança marítima“.
A Iniciativa de Transparência Marítima da Ásia, sediada em Washington, nos EUA, identificou o local do exercício como a Ilha Woody Island, onde fica a maior base da China nas Ilhas Paracel.
“Acredito que esta é a primeira vez que um bombardeiro pousou no Mar Meridional da China”, disse Bonneih Glaser, especialista em China do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, um think tank também baseado em Washington.
“Agressão” marítima da China
As tensões no centro do Mar da China Meridional têm aumentado desde que Pequim passou a alegar que praticamente todo o mar faz parte das suas águas territoriais. A reinvindicação é vigorosamente contestada pelo Vietname, Filipinas, Malásia, Taiwan e Brunei, que disputam com a China a posse de várias ilhas na região.
O Mar do Sul da China, ou Mar da China Meridional, é alvo de disputas há anos entre diversos países da região: China, Taiwan, Malásia, Indonésia, Brunei, Vietname e Filipinas. Estima-se que a enorme área, que inclui mar e ilhas, seja rica em petróleo e gás.
É um mar marginal, parte do oceano Pacífico, que compreende a área que vai desde Singapura até ao estreito de Taiwan, num total de cerca de 3 500 000 km². As ilhas do Mar da China Meridional formam um arquipélago de centenas de minúsculas ilhotas.
As Filipinas costumavam ser o país mais crítico em relação às reivindicações territoriais chinesas, mas o presidente filipino Rodrigo Duterte reverteu a política, deixando o Vietname assumir o papel de principal crítico.
O ano passado, Duterte, garantiu que o seu país foi ameaçado com uma guerra pela China, caso tivesse iniciado a extração de petróleo na região marinha que separa os dois países.
Os EUA acusaram a China de militarizar a região e alterar a geografia de ilhas para fortalecer as suas reivindicações. Washington também acredita que a China usará as ilhas e a sua presença militar para controlar o acesso a rotas marítimas estratégicas.
Nas Ilhas Paracel, um novo heliponto, turbinas eólicas e grandes torres de radar foram construídos pelos chineses. Analistas apontam que as torres de radar na Ilha de Triton poderiam ser usadas nas disputas da China com o Vietname e com os EUA sobre a liberdade de operações de navegação.
No começo do mês, o primeiro porta-aviões da China deixou as docas no porto de Dalian, no nordeste do país, para iniciar testes no mar dos seus sistemas de propulsão e navegação.
Os testes representam um marco no projeto de Pequim para modernizar a sua marinha, ao mesmo tempo que o país tem aumentado a sua presença no disputado Mar Meridional da China e ao redor de Taiwan.
// Deutsche Welle / SCMP