Este fim de semana será testado, pela primeira vez, o projeto que pretende avisar as populações por SMS em caso de incêndios florestais. No Parlamento, António Costa anunciou que a iniciativa arranca a 1 de junho, mas especialistas garantem que este ano será inviável a sua utilização.
Depois de o primeiro-ministro ter anunciado, no Parlamento, que os alertas por SMS em caso de incêndio iriam entrar em vigor a partir de 1 de junho, vários especialistas nas áreas das telecomunicações contactados pelo Expresso garantem que não há condições para o sistema funcionar este ano.
O sistema passará pelo seu primeiro teste este sábado, durante o simulacro da Proteção Civil em Cinfães.
Apesar de reconhecerem diversas fragilidades ao sistema, a maioria dos especialistas concorda que é melhor ter alguma coisa já este verão do que não ter nada. “Os políticos quiseram, e bem, ter uma solução para apresentar este verão, mas perceberam que desenhá-la tecnicamente demora tempo. Avançou-se com este modelo. É melhor do que não existir nada. Vamos aprender todos muito. Depois é aperfeiçoar”, admite fonte conhecedora do processo.
Assim, o teste deste sábado servirá, em primeiro lugar, para perceber as falhas existentes no sistema. Para já, estão identificadas algumas limitações.
A primeira a ser apontada é a impossibilidade de enviar SMS com menos de 24 horas de antecedência, o que significa uma falha no envio de alertas de informações urgentes.
Uma outra fragilidade é a falta de um alcance localizado, uma vez que o alcance geográfico deste sistema é distrital. Para avançar com um sistema mais sofisticado e com maior precisão geográfica é necessário mais tempo e investimento, explicam fontes ligadas aos operadores de telecomunicações, o que só será possível em 2019.
Os especialistas admitem que desenvolver essa parte do sistema custa muitas horas de trabalho e equipas de engenheiros muito dedicados, pelo que se impõe a questão do pagamento: “Quem vai pagar?”. O investimento feito até agora foi sobretudo em plataformas de comunicação, por onde circulará a informação, descreve o jornal.
Mas há outras limitações no sistema que avança em junho: dado o grande volume de envio numa situação de catástrofe, os SMS não vão chegar em simultâneo, podem ser recebidos com horas de diferença e acabar por criar situações de confusão. Além disso, nem é 100% garantido que cheguem a todos os destinatários.