Nos últimos dias, o Museu de História Natural da Macedónia, em Skopje, levou ao passado um grupo de paleontólogos que trabalha sem parar num achado que acreditam ser os restos fossilizados de um elefante pré-histórico com 8 milhões de anos – mais antigo do que o mamute.
Alertados pelo dono de uma vinha, paleontólogos macedónios e búlgaros conseguiram escavar partes fossilizadas de uma espécie extinta de elefante, um tipo de mastodonte do Miocénico anterior ao mamute-lanoso. Estes ossos foram descobertos por um fazendeiro em Dolni Disan, na região central da Macedónia.
“Estava no último outono a fazer as vindimas e encontrei algo que parecia um osso grande, que estava enterrado profundamente. Dei-me conta de que era um osso muito antigo e informei o museu. Vieram, fizeram uma pesquisa rápida, escavando a terra, e decidiram cobrir o resto a área com escavações”, explicou o fazendeiro, Vaso Tashev.
Poucos dias depois de começar as escavações, os paleontólogos encontraram o esqueleto de um elefante pré-histórico com presas de grandes dimensões e parte das patas. Um detalhe que torna a descoberta ainda mais importante, pois, segundo os cientistas, é muito raro ver diferentes tipos de ossos na mesma localidade.
Os paleontólogos calculam que o animal devia pesar cerca de 10 toneladas e ter 50 anos quando morreu. O Choerolophodon, como foi designado, vivia tanto na atual Europa como na Ásia, durante o Miocénico, período que começou há 23 milhões de anos e terminou há 5 milhões de anos.
Nesse período, em toda a Macedónia e no sudeste da Europa, havia planícies com erva alta e o clima era húmido, parecido com o da savana africana.
Biljana Garevska, uma das paleontólogas que participou nos trabalhos, explicou à Agência EFE que naquela época, na área onde agora se encontra a Macedónia, havia uma vasta fauna pré-histórica. Primatas, antílopes, girafas, rinocerontes, mastodontes e muitas outras espécies viviam na região.
“Era um animal muito grande e imponente. Provavelmente esta espécie foi extinta na nossa região depois de o planalto balcânico se ter elevado para o que agora vemos como o Mar Egeu, secando as terras húmidas. A falta de água significa que também não há comida, e esse é o fim dos mastodontes na nossa região“, explica Garevska.
Outra equipa já tinha encontrado um fóssil de mastodonte na Macedónia. “Já tínhamos encontrado outros fósseis deste tipo de animal, mas eram menores, só duas pequenas mandíbulas sem presas. Esta descoberta é muito significativa para a ciência”, realçou.
O terreno da ensolarada Macedónia de há milhões de anos atrás era maoritariamente argiloso. Esta é a principal razão pela qual os fósseis encontrados em Dolni Disan tiveram a sorte de resistir durante tanto tempo.
“Normalmente, só encontramos fósseis em terreno argiloso. Às vezes a erosão ou os trabalhos agrícolas fazem emergir estes fósseis, fazendo com que se tornem acessíveis para os paleontólogos, mostrando-nos vislumbres de uma Terra que nunca conheceremos completamente”, diz Makedon Petlicharov, restaurador do Museu de Ciências Naturais.
Já o paleontólogo Nikolay Spasov, membro da Academia de Ciências da Bulgária, que fez parte da equipa que realizou a escavação, afirmou que a região esconde inúmeras jazidas pré-históricas de grande valor – e não apenas de animais. “Espero que ainda possamos encontrar aqui também fosseis de humanos pré-históricos”, disse Spasov, optimsita.
Para o ministro da Cultura da Macedónia, Robert Alagjozovski, esta é uma das descobertas mais espectaculares do Museu de História Natural. “Esta descoberta coloca a Macedónia no mapa paleontológico da Europa e do mundo”.
// EFE