Erdogan anuncia eleições antecipadas para 24 de junho

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Kremlin / Wikimedia

Recep Tayyip Erdogan, Presidente da Turquia

O Presidente turco anunciou, esta quarta-feira, a antecipação das eleições legislativas e presidenciais para 24 de junho, um ano e meio antes da data prevista inicialmente.

“Decidimos que as eleições vão decorrer no domingo, 24 de junho de 2018“, declarou Erdogan em conferência de imprensa depois de um encontro com Devlet Bahçeli, o chefe do ultranacionalista Partido de ação nacionalista (MHP).

Na terça-feira, o partido no poder na Turquia já tinha admitido antecipar as eleições para o próximo verão depois de um apelo do seu aliado ultranacionalista.

Bahçeli, um dos principais apoiantes do líder turco, abalou na terça-feira a cena política turca ao apelar a eleições para o próximo mês de agosto, mais de um ano antes da data prevista de 3 de novembro de 2019.

“O Alto comité eleitoral vai imediatamente começar os preparativos para estas eleições”, declarou Erdogan, que se referiu à “aceleração dos desenvolvimentos na Síria” e a necessidade de tomar rapidamente “decisões importantes” sobre a economia para justificar a antecipação do calendário eleitoral.

Durante um discurso na terça-feira perante o seu grupo parlamentar em Ancara, Bahçeli considerou que “nas condições atuais é impossível a Turquia esperar por 3 de novembro de 2019”.

“O caminho mais razoável é que o povo turco vá às urnas em 26 de agosto para eleições presidenciais e legislativas“, declarou o chefe do MHP, numa referência ao dia da batalha de Manzikert, em 1071, que assinalou a entrada dos turcos na Anatólia após a vitória do sultão seljúcida Alp Arslan sobre as forças bizantinas.

Bahçeli, 70 anos, que já foi muito crítico de Erdogan, é agora um dos principais aliados do Presidente turco, com quem concluiu um acordo eleitoral para os próximos escrutínios.

No entanto, numerosos opositores de Erdogan acusam-no de pretender organizar eleições antecipadas para beneficiar do estado de emergência em vigor há cerca de dois anos e que foi prolongado na terça-feira por mais três meses, e da ofensiva de Ancara no norte da Síria contra uma milícia curda.

Por sua vez, os dirigentes turcos receiam uma degradação da situação económica, que mostra sinais de recuo. As declarações de Bahçeli provocaram uma queda de 0,3% da libra turca face ao dólar.

Diversos partidos da oposição, em particular o Partido Republicano do povo (CHP, social-democrata) afirmaram na terça-feira que se iriam opor a um eventual duplo escrutínio antecipado. O calendário previa eleições presidenciais e legislativas para 3 de novembro de 2019, e um escrutínio municipal prévio, para março do mesmo ano.

O duplo escrutínio presidencial e legislativo é crucial, porque assinalará a entrada em vigor da maioria das medidas que reforçam as prerrogativas do chefe de Estado, adotadas em referendo constitucional em abril de 2017.

Esta revisão constitucional permite ao chefe de Estado cumprir dois novos mandatos de Presidente de cinco anos. Com 64 anos, Erdogan está no poder na Turquia desde 2003, como primeiro-ministro até 2014, e desde então como chefe de Estado.

// Lusa

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