Uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro conseguiu desenvolver um modelo matemático que calcula a probabilidade de os acidentes envolverem ciclistas e peões.
A pensar nas cidades de Lisboa, Porto e Aveiro, cientistas do grupo de investigação em tecnologia dos transportes do Departamento de Engenharia Mecânica (DEM) criaram um modelo matemático para calcular a probabilidade de acidentes envolvendo ciclistas e peões.
A equipa de investigadores analisou ao detalhe mais de 4 400 acidentes que envolveram peões e ciclistas entre 2012 e 2015. O modelo tem por base dados fornecidos pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) e visa contribuir para a prevenção de acidentes com peões e ciclistas.
De acordo com a Exame Informática, o modelo matemático foi desenvolvido através de uma regressão logística multinominal que tem em conta o histórico de acidentes e cujo resultado final indica a probabilidade de ocorrer um acidente para cada uma das três cidades estudadas.
Além disso, foi realizada também uma análise espacial e temporal de modo a encontrar padrões de risco. Variáveis como género do peão ou do ciclista, faixa etária, nível de gravidade dos ferimentos, dia da semana, período do dia ou condições meteorológicas são variáveis que entram nos cálculos.
Dos 4439 acidentes com peões e ciclistas analisados, 7% ocorreram em Aveiro, 29% no Porto e 64% em Lisboa.
Em Aveiro, cerca de 50% dos acidentes com utentes vulneráveis envolveu ciclistas e a restante percentagem peões. No Porto, só 9% dos acidentes com utentes vulneráveis envolveram ciclistas, sendo os restantes relativos a peões. Em Lisboa, a percentagem de acidentes envolvendo velocípedes foi de cerca de 10%.
Margarida Coelho, professora e coordenadora do grupo de investigação, revelou que a maior parte dos acidentes “ocorreram em espaços de grande atratividade de pessoas, como estações ferroviárias, zonas comerciais e espaços turísticos localizados nos centros históricos das três cidades”.
“Em consequência destes acidentes, 90% a 97% dos feridos foram ligeiros, 2% a 8% feridos graves e 1% a 2% resultaram em vítimas mortais”, conclui.
Os investigadores esperam que este modelo matemático possa ser “uma ferramenta útil para entidades e autoridades locais e regionais, no sentido em que permite planear o reforço de medidas de segurança rodoviárias consoante as especificidades de cada cidade”.
ZAP // Lusa